Aquicultura

Como usar antibiótico para peixe? Conheça suas boas práticas de utilização na tilapicultura

21 fevereiro 2022

Os antibióticos agem eliminando ou impedindo a multiplicação de bactérias em infecções. A descoberta dessas substâncias revolucionou a medicina e a saúde pública, mas hoje, o uso indiscriminado de antibióticos representa um grande problema no que diz respeito ao aumento da resistência de bactérias. Para garantir a prescrição correta do medicamento, tanto em humanos quanto em animais, o tratamento com antibióticos deve ser indicado e acompanhado por um especialista.

Na aquicultura, não é diferente. O uso de antibiótico para peixe tem uma enorme importância no controle de doenças causadas por bactérias. Entretanto, é de consenso veterinário que a saúde e o bem-estar animal na criação de peixes devem sempre estar baseados na postura preventiva. Continue lendo para saber mais sobre a prevenção de infecções bacterianas e o uso de antibiótico para peixe na tilapicultura.

Principais doenças em peixes causadas por bactérias que afetam a tilapicultura

Bactérias de mais de 20 gêneros são causadoras de doenças em peixes e outros animais aquáticos. Na maioria dos casos, as doenças bacterianas na aquicultura são secundárias a traumatismos de um mau manejo, como manipulação errada e falta de higienização dos tanques de peixes. As principais doenças de origem bacteriana que acometem a tilapicultura e que são passíveis do uso de antibiótico para peixe como tratamento são: estreptococoses, aeromonioses, edwardsieloses, franciseloses e columnarioses.

Tratamento com antibiótico para peixe é importante para a saúde animal e para a gestão sanitária da produção

As boas práticas do tratamento com antibiótico para peixe começam com o diagnóstico correto da doença que está acometendo a criação de tilápias. Apenas após a confirmação do diagnóstico o veterinário elege o melhor antibiótico para aquela doença, já que cada um possui uma forma de ação específica. O médico veterinário e mestre em Ciência Animal Rodrigo Zanolo acrescenta que outra importante ação dentro das boas práticas é a realização de antibiogramas: “Os antibiogramas são testes para monitorar o grau de eficácia da molécula dentro do laboratório, ajudando, assim, a escolha do melhor antibiótico para cada tratamento”.

A administração do antibiótico para peixe é feita de forma oral para as tilápias, através da incorporação do produto à ração dos animais. “Após a ingestão da ração medicada, o antibiótico é absorvido no trato digestivo e distribuído através do sangue para os diferentes tecidos e órgãos dos peixes, combatendo, assim, as infecções bacterianas”, detalha o especialista em Sanidade Aquícola.

Além de cuidar da saúde do animal, Zanolo também explica que o medicamento beneficia a tilapicultura: “Os antibióticos são ferramentas veterinárias de grande importância para o gerenciamento sanitário junto a uma indústria nova e emergente como a Tilapicultura. Pelo fato da indústria da Tilapicultura não possuir um pacote de prevenção de vacinas completo, a utilização de antibióticos de forma correta e responsável é bastante estratégico para o setor”.

Aquicultura deve adotar estratégia preventiva com vacinação e biosseguridade

Apesar dos benefícios citados, é importante ter cuidado com o uso indiscriminado do antibiótico para peixe. O veterinário deve enfatizar para o produtor da aquicultura que o medicamento não deve ser usado de forma preventiva, e sim curativa. É preciso explicar que esse é um dos maiores alertas contra o uso indiscriminado do medicamento e que antibióticos são para o tratamento de infecções bacterianas, não para prevenção de doenças em peixes.

A administração de antibiótico para peixe deve ser minimizada com a adoção de práticas preventivas, principalmente a vacinação e medidas de biossegurança. O mestre em Ciência Animal afirma que o uso indiscriminado do medicamento pode trazer impactos indesejados para o meio ambiente e para a saúde pública.

“Uma das maiores preocupações em nível mundial quanto a utilização indiscriminada dos antibióticos é a chamada ‘resistência cruzada’, que é a transferência de genes de resistência frente aos antibióticos de bactérias da piscicultura, por exemplo, para as bactérias que acometem os humanos, impactando assim na eficácia dos antibióticos quando utilizados em humanos. Por este motivo, a prevenção das enfermidades através das boas práticas de produção em geral, estratégias de biossegurança, assim como as vacinações, serão sempre as melhores combinações de prevenção de enfermidades, minimizando assim a utilização dos antibióticos”, conclui Zanolo.

Conclui-se, assim, que o antibiótico para peixe é um importante aliado da saúde animal e da tilapicultura. Porém, a administração deve ser cautelosa e consciente, com o devido acompanhamento veterinário. O medicamento tem como objetivo curar a tilápia doente, mas a produção deve atuar de forma preventiva, para evitar a proliferação de bactérias no ambiente da aquicultura. A prevenção é feita através da vacinação e das medidas de biossegurança, como a higienização adequada do tanque de peixe para manter a qualidade da água com o nível de pH adequado.

* Rodrigo Zanolo (CRMV: 2908) é médico veterinário e mestre em Ciência Animal pela Universidade Estadual de Londrina. Possui mais de 15 anos de experiência na área de Sanidade Aquícola e é Gerente de Mercado de Aquicultura da MSD Saúde Animal.