Os sintomas da leptospirose suína
7 abril 2022
A leptospirose suína é uma doença infecciosa de origem bacteriana que está ligada a prejuízos econômicos significativos em locais endêmicos, como a América do Sul. Segundo um artigo publicado no BMC Veterinary Research, essa região tem condições climáticas favoráveis para a sobrevivência ambiental e transmissão de leptospiras, patógenos envolvidos na etiologia da enfermidade. Diante disso, é necessário uma observação mais assertiva acerca dos sintomas da leptospirose em suínos.
Sinais clínicos da leptospirose suína variam em função do sorovar envolvido na infecção
Segundo uma publicação no MSD Veterinary Manual, os suínos são hospedeiros de manutenção para os sorovares de L interrogans Pomona e Bratislava e, por isso, geralmente a leptospirose causada por essas variantes sorológicas se dá de modo subclínico. Quando o sorovar Pomona desencadeia sintomas, os mais comumente relatados estão ligados a doenças reprodutivas, com ocorrência de aborto entre 2 a 4 semanas antes do parto, além da leptospiúria. Do modo modo, os sinais clínicos em suínos afetados por Leptospira Bratislava estão relacionados à insuficiência reprodutiva, com ênfase para abortos esporádicos.
Esses prejuízos reprodutivos ocorrem porque além da Leptospira se proliferar nos rins, fígado, baço e algumas vezes nas meninges, elas também penetram e multiplicam-se nos fetos, podendo levar à morte e reabsorção fetal, abortamento ou prole fraca. Mas é importante levar em consideração que outras doenças além da leptospirose podem provocar perda gestacional em suínos, como brucelose, parvovirose e circovirose.
Outro sorovar que pode estar envolvido na etiologia da leptospirose suína é o Icterohaemorrhagiae. Essa variante sorológica manifesta a forma aguda da leptospirose, podendo ocasionar em leitões adultos sintomas como febre, mastite focal não supurativa e leptospirúria. Em animais jovens, sinais clínicos comuns causados por esse sorovar são febre, anorexia, icterícia, hemoglobinúria, principalmente em recém-nascidos. Se os animais infectados estiverem na fase de aleitamento, podem ocorrer casos de encefalite associados a incoordenação motora e acessos convulsivos.
Para facilitar a visualização dos sinais clínicos que estão mais associados às infecções por Leptospiras Pomona, Bratislava e Icterohaemorrhagiae, elaboramos o infográfico abaixo:
Transmissão da leptospirose em suínos ocorre mesmo na ausência de sintomas
É importante ressaltar que a ausência de sintomas da leptospirose suína em animais infectados oferece riscos para toda a cadeia de produção. Isso porque, quando a doença ocorre durante o terceiro trimestre de gestação, o organismo pode desenvolver anticorpos específicos que suprimem os sinais clínicos e, assim, as fêmeas transmitem verticalmente a infecção para a prole. Como relata uma publicação da revista Arquivos do Instituto Biológico, isso foi observado em estudos que identificaram a presença das bactérias em diversos órgãos em leitões recém-nascidos aparentemente saudáveis.
Em síntese, medidas de prevenção efetivas contra leptospirose em suínos são essenciais para prevenir a transmissão da doença, que embora nem sempre manifeste sintomas como icterícia, febre e mastite, está altamente associada a distúrbios reprodutivos. Uma das formas de evitar surtos da doença é realizando programas de desinfecção, já que as Leptospiras são sensíveis a diversos detergentes e desinfetantes. Essa recomendação serve não só para prevenir a ocorrência da leptospirose, como também para estruturar uma fazenda de criação de suínos que maximize o bem-estar animal.