Suinocultura

Como prevenir a leptospirose suína

6 julho 2022

A leptospirose suína é uma doença silenciosa que causa prejuízos para a fazenda, e, por isso, a adoção de um protocolo preventivo é essencial

A leptospirose é uma das zoonoses mais amplamente distribuídas ao longo do planeta, caracterizando-se como um problema de saúde pública mundial. Na suinocultura, representa perdas econômicas devido a falhas reprodutivas, muitas vezes caracterizadas por infecções subclínicas ou assintomáticas. A resolução nº 50 de 2013 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) regulamenta notificação mensal de qualquer caso confirmado da doença, além disso, granjas de reprodutores consideradas livres devem fazer o controle sorológico obrigatório a cada seis meses, enquanto granjas controladas pelo uso de vacina devem obter certificação (MAPA, 2020; MAPA, 2002).

Sinais clínicos da leptospirose suína podem ser silenciosos

A leptospirose é causada por bactérias do gênero Leptospira spp., nos suínos os sorovares mais prevalentes são L. canicola, L. grippothyphosa, L. hardjo, L. icterohaemorrhagie, L. pomona, L. tarassovi, L australis e L. bratislava. A doença é caracterizada por dois períodos clínicos, o primeiro, denominado leptospiremia, é retratado como um quadro agudo septicêmico onde há proliferação nos fluidos orgânicos e nos órgãos parenquimatosos, tais como rins, fígado e baço. O segundo quadro é denominado leptospirúria onde há a presença de anticorpos circulantes no corpo do animal e neste ponto as leptospiras tendem a persistir em lugares onde a atividade de anticorpos é mínima como nos túbulos renais e nos órgãos reprodutores (Figueiredo et al., 2013). Nesta fase da doença, os animais podem eliminar o agente causador da leptospirose pela urina, pelo sêmen e por corrimentos vaginais até aproximadamente um ano após a infecção.

As leptospiras penetram ativamente através da pele íntegra, por lesão de continuidade e também pelas mucosas. Para crescerem e se multiplicarem, essas bactérias dependem do ferro na sua forma livre e, com isso, produzem hemolisinas que destroem eritrócitos, podendo causar anemia e hemoglobinúria. Muitas vezes o abortamento tardio é o único sinal clínico observado da doença, pois os outros, como prostração, anorexia e febre, podem não ser identificados, já que eles dificilmente são observados após duas semanas da infecção. Em animais jovens, sinais clínicos como anorexia e icterícia podem sugerir uma infecção por leptospira, enquanto em reprodutoras a ocorrência de abortos, distocia, nascimento de fetos mumificados ou natimortos podem indicar a doença.

Controle da leptospirose suína é feito com vacinação e biosseguridade

Para o controle da doença, devemos focar no ambiente, manejo e nas instalações onde vivem os animais, pois esses fatores podem oferecer condições favoráveis para a disseminação e manutenção do agente, que sobrevive em circunstâncias de alta umidade e temperatura amena. Além disso, o controle de roedores deve sempre ser realizado, pois a disponibilidade de abrigo e comida aumenta a prevalência desses animais nas granjas, acarretando riscos para o plantel. Quando adquirido animais reprodutores de reposição, devemos nos certificar que as granjas de origem sejam livres de leptospirose. Um estudo reportou que 10 de 12 leitões saudáveis nascidos de matrizes infectadas experimentalmente por leptospira testaram positivo para a doença, mostrando que a manutenção de animais infectados pode garantir a persistência da bactéria no rebanho (Soto et. al., 2006).

Recomenda-se também como medida de controle a adoção de protocolos de vacinação contra Leptospira spp. As vacinas desempenham um importante papel na proteção da saúde animal e da saúde pública. A vacinação efetiva e oportuna reduz a prevalência, a incidência e a gravidade da doença, o que permite uma eficiente e saudável produção de animais e todos os produtos de origem animal.

Por esses motivos, sempre devemos focar na prevenção, evitando o estabelecimento da doença no plantel, bem como a manifestação da forma clínica da leptospirose. O controle e a profilaxia da doença devem ser executados com atenção e planejamento, evitando assim prejuízos econômicos na cadeia produtiva.

Referências:

Figueiredo, Í. L., Alves, C. J., Silva, L. C. A., Oliveira, R. M., & Azevedo, S. S. (2013). Leptospirose suína: uma importante causa de falhas e perdas reprodutivas. Revista brasileira de reprodução animal, 37(4), 344-353.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Diário Oficial da União, 2002, 8 p.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Diário Oficial da União, 2020, 5 p.

Soto, F. R. M., Azevedo, S. S. D., Morais, Z. M. D., Pinheiro, S. R., Delbem, Á. C. B., Moreno, A. M., … & Vasconcellos, S. A. (2006). Detection of leptospires in clinically healthy piglets born from sows experimentally infected with Leptospira interrogans serovar Canicola. Brazilian Journal of Microbiology, 37, 582-586.

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