Suinocultura

Investigando o complexo das doenças respiratórias em suínos

29 abril 2022

Apesar de serem comuns, as doenças em suínos de cunho respiratórios são complexas e costumam ter mais de um agente etiológico envolvido

As doenças respiratórias estão entre os principais desafios sanitários dos suínos. Geralmente, os sinais clínicos respiratórios são associados ao vírus da influenza A, PRRSV ou Mycoplasma hyopneumoniae. No entanto, sabe-se que na maioria das vezes, as doenças são resultado da interação entre dois ou mais agentes e têm envolvimento de fatores de risco diversos (manejos estressantes, ambientes inadequados). O sequenciamento de última geração também tem demonstrado que a microbiota desempenha um papel importante no desencadeamento das doenças respiratórias. Dessa forma, estes quadros clínicos são referenciados com frequência como “Complexo das Doenças Respiratórias dos Suínos” (CDRS).

Importância do sequenciamento no diagnóstico de doenças em suínos de cunho respiratório

O sequenciamento revolucionou a caracterização dos microrganismos. Somente na última década, vírus como o PCV3, pestivírus, SADS-CoV e várias espécies de parvovírus foram descobertos a partir das complexas técnicas de sequenciamento. Não está completamente claro, no entanto, se esses microrganismos são realmente novos ou se já existiam e eram apenas subdiagnosticados.

Em relação à aplicação no diagnóstico de doenças, o sequenciamento do tipo metagenômico é uma ferramenta particularmente interessante. O termo “metagenômica” refere-se a todo o material genético presente em uma amostra. Ao coletar um suabe nasal de um suíno, por exemplo, o mesmo apresentará o material genético tanto do animal, quanto dos vírus e bactérias que o colonizaram. Essa amostra também estará contaminada com microrganismos presentes no ambiente, com o alimento e com insetos. As milhares de sequências genéticas geradas são analisadas por computadores, que irão comparar o material genético com o banco de dados de outros microrganismos sequenciados anteriormente. O sequenciamento metagenômico revela todos os patógenos presentes na amostra, mas a técnica não mostra, todavia, quais são os responsáveis por causar a doença clínica.

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Apenas coinfecções por influenza A, Mycoplasma hyopneumoniae e outros agentes induzem sinais clínicos respiratórios nos animais

Sabemos que o vírus da influenza A, o PRRSV, o PCV2 e o Mycoplasma hyopneumoniae desempenham papéis importantes dentro da CDRS, mas como as coinfecções impactam na doença clínica? Quando uma granja apresenta um surto de doença respiratória e detecta uma nova cepa PRRSV, os sinais clínicos observados devem ser atribuídos à presença da nova cepa ou às coinfecções com outros vírus e bactérias? Essa resposta pode influenciar nos manejos sanitários do rebanho. A identificação da causa da doença exige a realização de testes diagnósticos diversos (PCR, histopatologia, sorologia etc.) e a associação dos resultados com os sinais clínicos e histórico do rebanho.

A doença causada pelo PCV2 é um bom exemplo da importância das coinfecções. A presença do vírus, por si só, não é suficiente para provocar sinais clínicos. Estudos em ambientes controlados mostram que a associação do PCV2 com o PRRSV ou o parvovírus é capaz de induzir sinais clínicos nos animais.

Identificação dos agentes é passo fundamental para entender doenças em suínos

Além das doenças comumente observadas no complexo CDRS, outros agentes já foram identificados em suínos com sinais clínicos respiratórios. O astrovírus, o circovírus suíno 3, o senecavírus A, o sapelovírus e inúmeras espécies de parvovírus já foram identificados junto com patógenos respiratórios primários. A identificação dos potenciais agentes da CDRS é um passo importante para os estudos de patogêneses e para subsequentes formulações de estratégias de controle.

O CDRS envolve um grande número de microrganismos, sendo que grande parte ainda não possui testes diagnósticos específicos. Patógenos como o vírus da influenza A e o PRRSV são muito importantes, mas a relevância da coinfecção entre diversos agentes, incluindo os desconhecidos, não deve ser subestimada. O sequenciamento metagenômico é capaz de identificar uma ampla gama de microrganismos, habilidade que pode ampliar a compreensão sobre o CDRS e melhorar, consequentemente, o status sanitário do rebanho.

Adaptado de: Hause, B. Investigating the ‘complex’ in porcine respiratory disease. In: National Hog Farmer, 2020.

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