Suinocultura

Sêneca vírus: uma recorrente dor de cabeça

28 abril 2022

Aumento de casos registrados de sêneca vírus é uma ameaça para a suinocultura

O Sêneca Vírus (Senecavirus A) é uma enfermidade que foi descoberta acidentalmente em 2002 (HALES et al., 2008). Entretanto, os primeiros casos no Brasil surgiram no ano de 2014, sendo os estados afetados na época: Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Infecção por Senecavirus A provoca sintomas parecidos com os da febre aftosa em suínos

Essa doença é caracterizada por sinais clínicos semelhantes à de outras doenças vesiculares, como por exemplo a febre aftosa e se resume ao aparecimento de lesões externas. As regiões mais afetadas são: focinho, extremidades dos membros (cascos e bandas coronárias), região interdigital e almofada plantar. Resultado das lesões de casco envolvem, como consequência indireta, manifestação de claudicação, letargia e anorexia (VANUCCI et al. 2015). Além disso, os leitões na maternidade podem apresentar letargia, diarreia e um aumento da mortalidade (LEME et al., 2015). Já na creche, crescimento/terminação observaremos vesículas/úlceras no focinho, lesões de casco, dificuldade na locomoção, apatia e hipertermia (LEME et al., 2015). Porém, na maioria dos casos, a doença causa baixa mortalidade e a maior parte dos suínos se recuperam da doença (JOSHI et al., 2016).

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Aumento de casos de sêneca vírus em suínos é um desafio sanitário para a produção

Por essa doença ter características vesiculares, as consequências dela dentro da cadeia produtiva do Brasil podem ser grandes, uma vez que pode ser confundida com a febre aftosa. Além disso, entre 2018 e 2019 houve um aumento no número de casos da doença, especialmente na fase de terminação (Muller et al., 2020). Uma possível explicação para esse aumento de casos pode ser a alta taxa de reposição de fêmeas que existe na produção suinícola nacional. Essa alta taxa de reposição tem o objetivo de melhorar os índices reprodutivos. Entretanto, o efeito colateral de tal estratégia é que estes animais inseridos no rebanho não apresentam imunidade contra o Sêneca vírus, logo, a granja poderá apresentar surtos da doença (Muller et al., 2020).

Outro ponto importante, que foi recentemente descoberto, é a habilidade do vírus permanecer nos suínos infectados, tornando o animal um portador do vírus. Então, o animal portador pode excretar o vírus e contaminar o ambiente por até 60 dias após a infecção. Essa característica do vírus, recém descoberta, pode explicar o aumento dos casos de Sêneca vírus e também a sua manutenção no rebanho (Muller et al., 2020).

Essa doença é um desafio sanitário para a suinocultura nacional, visto que, até o presente momento, não existe uma vacina que auxilie o controle dessa enfermidade. Sendo assim, precisamos utilizar medidas de controle baseadas em biosseguridade para que, através dessas medidas, possamos controlar essa doença.

Referências:

HALES, L.M. et al. Complete genome sequence analysis of Seneca Valley virus-001, a novel oncolytic picornavirus. Journal of general virology, v.89, p.1265–1275, 2008.

JOSHI, L.R. et al. Pathogenesis of senecavirus A infection in finishing pigs. Journal of general virology. v.97, p.3267–3279, 2016.

LEME, R.A. et al. A new wave of Seneca Valley virus outbreaks in Brazil. Transboundary and emerging disease, v.66, p.1101- 1104, 2019. 

MULLER, M. et al. Senecavirus A (SVA) in finishing swine: diagnosis and viral isolation. Ciência Rural, v. 50, n. 7, e20191024, 2020.

VANNUCCI, F.A., et al. Identification and Complete Genome of Seneca, Valley Virus in Vesicular Fluid and Sera of Pigs Affected with Idiopathic Vesicular Disease, Brazil. Transboundary and Emerging Diseases, 2015.

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