Pecuária

Como funciona o sistema de monitoramento de reprodução bovina

O sucesso da reprodução bovina requer a avaliação de uma série de fatores, principalmente na inseminação artificial. A detecção do cio em vacas, identificação do momento certo para inseminar e redução do intervalo até a próxima prenhez são passos fundamentais e que podem ser facilitados com o uso do sistema de monitoramento de reprodução bovina.
Conversamos com o médico-veterinário e especialista em inteligência de dados na pecuária Gabriel Calderón sobre como o funcionamento do dispositivo de monitoramento e como essa tecnologia pode ser uma grande aliada da inseminação artificial em bovinos.

Sistema de monitoramento de reprodução bovina garante a detecção do cio em vacas com precisão e agilidade

A detecção do cio em vacas é uma etapa primordial da reprodução bovina. Além de garantir o momento certo para realizar a inseminação artificial, saber o período do cio ajuda a prever a data do parto e da volta do próximo cio, e esse controle é importante para um bom manejo reprodutivo de bovinos.

O médico-veterinário afirma que o cio da vaca dura entre 12 a 20 horas, a depender de vários fatores. O período acompanha uma série de mudanças comportamentais, como a diminuição do consumo de alimentos e da ruminação. A detecção do cio em vacas é feita através da observação desses hábitos, e esse processo pode ser facilitado pela inteligência de dados do sistema de monitoramento de reprodução bovina.

A tecnologia funciona com base na medição constante da atividade dos bovinos monitorados. Um exemplo é o controle do número de passos que o animal dá diariamente, e Gabriel Calderón explica a relação desse índice com o cio das vacas: “As vacas passam a praticar muito mais atividade física, caminhando mais em busca dos chamados GSA (grupos sexualmente ativos), que são outras parceiras que estão entrando ou saindo do cio. Todas essas mudanças comportamentais são captadas por nossos dispositivos de monitoramento e analisadas por nossos sistemas, que determinam se uma vaca está no cio com grande precisão”.

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Inteligência de dados ajuda a garantir o sucesso da inseminação artificial em bovinos

Calderón afirma que o sistema de monitoramento é indicado para fazendas que fazem uso da inseminação artificial em bovinos. A inteligência de dados não apenas faz a detecção do cio em vacas, como também indica o momento ideal da inseminação para obter uma maior taxa de prenhez.

“Deve-se lembrar que a vaca ovula aproximadamente 30 horas após o pico de cio, e o sêmen deve ser depositado no momento certo para aguardar o ovócito e a fecundação. Nossos sistemas não apenas nos dizem quando uma vaca está no cio, mas também o momento preciso para sua inseminação. Por sermos mais eficientes na detecção do cio e na inseminação, conseguimos que nossas vacas engravidem mais rapidamente após o parto, encurtando assim o tempo entre partos daquele animal. Uma das principais falhas dos sistemas tradicionais de detecção de cio em vacas (sistemas visuais, tintas e remendos) é que eles têm baixos níveis de precisão. Portanto, muitas oportunidades de inseminar uma vaca são perdidas. Como consequência, as vacas concebem muito tempo após o nascimento, prolongando o intervalo entre os nascimentos”, detalha o médico-veterinário.

Calderón afirma que o uso do sistema de monitoramento de reprodução bovina dispensa a necessidade dos touros para monta natural: “Nossos dispositivos têm a precisão de touros na detecção de cio, alcançando taxas de prenhez semelhantes à monta natural, e com isso podemos dispensá-los nos rebanhos leiteiros. Deve-se levar em consideração que os touros nas fazendas leiteiras costumam representar vários desafios, pois são uma categoria que tem suas exigências em termos de manejo, custos de manutenção e também por uma questão não menor que é a segurança dos trabalhadores. Por exemplo, nos Estados Unidos, os touros são os que mais causam acidentes, inclusive levando à morte, em trabalhadores rurais”.

Tecnologia otimiza a capacidade reprodutiva dos bovinos e evita perdas econômicas na produção

Segundo Gabriel Calderón, a reprodução bovina é vital em qualquer sistema pecuário e a produção de leite depende da gestação e da velocidade em que as vacas engravidam: “A vaca leiteira ideal é aquela que produz um bezerro por ano e, embora esse objetivo seja difícil de alcançar, com nossos sistemas de monitoramento reprodutivo e de saúde, chegamos bem perto”.

Ao monitorar continuamente a atividade do gado, obtendo informações vitais em tempo real, é possível conseguir uma detecção de cio eficiente e inseminação nos momentos certos. Por esses motivos, as vacas engravidam rapidamente após o parto. “Em fazendas leiteiras, é utilizado um conceito chamado Open Days, que é o período durante o qual uma vaca permanece sem engravidar após receber alta pós-parto. O objetivo é que, após 90 dias pós-parto, esses dias abertos sejam os menores possíveis. Cada dia extra que a vaca não está prenha após esses 90 dias tem um custo para os produtores que varia entre cinco e sete dólares. Além de ajudar a reduzir o custo associado aos dias abertos em uma fazenda, nossa tecnologia nos permite fazer uso eficiente de todos os recursos usados ​​na produção de laticínios e nos permite organizar e facilitar as tarefas das pessoas envolvidas”, conclui Calderón.

Em suma, o sistema de monitoramento funciona pela coleta e análise de dados do gado e essa tecnologia oferece benefícios para a fazenda ao otimizar a inseminação artificial em bovinos. O tão importante processo da reprodução bovina é facilitado pela precisão e agilidade da detecção do cio em vacas, indicação do momento certo de inseminar e redução do intervalo para a próxima gravidez.

* Gabriel Alfredo Calderón é graduado em Medicina Veterinária pela Universidad Nacional de Río Cuarto e é Product Manager de Animal Health Intelligence em MSD Saúde Animal.

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