Como funciona o indutor de ovulação na inseminação artificial em bovinos
29 abril 2022
O principal fator limitante para o êxito da inseminação artificial em bovinos é a falha na detecção de estro, função crucial para determinar o momento correto de realizar o procedimento e reduzir o intervalo de tempo entre partos. No entanto, detectar o cio na espécie bovina é um trabalho difícil que requer experiência, o que faz muitos profissionais optarem pelo uso de indutor de ovulação na inseminação, excluindo a necessidade de identificar o período de receptividade sexual. Para entender como funcionam os hormônios indutores, conversamos com o médico veterinário Juan José Molina, que também apontou os seus benefícios. Veja a seguir!
Inseminação artificial em bovinos pode ser mais precisa com o uso do indutor de ovulação
De antemão, Juan ressalta a importância de que a prática de inseminação bovina coincida com o período de ovulação. E complementa: “Para isso, qualquer produto que induz a ovulação dentro de um certo período após a sua aplicação torna-se essencial. Hormônios como o GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofina) induzem a ovulação nas vacas que já mostram sinais de cio ou nas fêmeas em programas de sincronização, permitindo que a inseminação seja um pouco mais eficaz”.
De acordo com um artigo publicado na Revista Brasileira de Reprodução Animal, cada fármaco tem um tempo específico entre a aplicação e a ovulação, e por isso, o momento ideal para realizar a inseminação bovina varia de acordo com cada indutor. Entre os principais hormônios utilizados em vacas, a publicação aponta os análogos (gonadorelina) e superanálogos (buserelina, lecirelina, fertirelina) do GnRH.
Em relação ao mecanismo de ação, o médico veterinário explica que os produtos hormonais indutores da ovulação atuam sobre o hipotálamo, induzindo a liberação do Hormônio Luteinizante (LH), que é responsável pelo crescimento final dos folículos e da ovulação. E, de acordo com um estudo publicado no BMC, a sincronização bem-sucedida da ovulação depende do estágio de desenvolvimento folicular no momento do tratamento hormonal, pois os folículos passam por diferentes estágios de maturidade ao longo de um período de 7 a 10 dias.
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Quando utilizar indutor de ovulação na inseminação bovina?
Juan afirma que o indutor de ovulação é utilizado em alguns casos, como por exemplo quando dispõe-se de um sêmen de alto valor, ou em programas de sincronização e IATF em vacas que aparentemente não mostravam cio utilizando a técnica do lápis de cera para as definir. Ele também aponta que esse produto pode ser empregado em casos de repetição de vacas a partir do terceiro serviço e explica que “o efeito é muito melhor em vacas de repetição do que em vacas de primeiro serviço. É por isso que muitos técnicos a deixam como opção para o segundo e subsequentes serviços”.
Indutor de ovulação oferece boa relação custo-benefício pois aumenta consideravelmente a taxa de fertilidade
Embora o custo do indutor de ovulação seja um fator a ser considerado, o veterinário indica que a velocidade da gravidez é muito mais importante: “A relação custo-benefício será quase sempre a favor da utilização de um indutor vs. nenhum indutor”, afirma Juan.
A partir dessas informações, podemos concluir que o uso do indutor de ovulação na inseminação artificial dos bovinos pode facilitar o êxito do procedimento, já que induz a liberação de LH, hormônio responsável pelo crescimento folicular e pela ovulação. Mas é importante ressaltar que o bom desempenho desses fármacos para fins de sincronização do cio depende de alguns fatores como, por exemplo, a ausência de doenças que comprometem a saúde reprodutiva, como a rinotraqueíte infecciosa bovina.