Aquicultura

Streptococcus iniae em tilápias e seus riscos para a aquicultura

23 fevereiro 2022

Streptococcus iniae é uma doença observada mais comumente em tilápias

A bactéria Streptococcus iniae é muito encontrada em ambientes de água doce ou salgada e apresenta um risco para quem trabalha com a produção de peixes. Embora possa acometer diferentes espécies, a infecção derivada da bactéria Streptococcus é especialmente comum em tilápias, impactando negativamente a reprodução desses animais e prejudicando a produtividade dos aquicultores. Embora a  Streptococcus iniae não seja a única espécie responsável pela contaminação por estreptococose, é preciso estar atento para os riscos que ela oferece para a aquicultura. Dessa forma, é essencial compreender como ocorre a sua transmissão e a melhor forma de preveni-la – evitando, assim, prejuízos econômicos.

Que fatores favorecem a transmissão de Streptococcus?

De acordo com o médico-veterinário Rodrigo Zanolo, que é mestre em Ciência Animal, a transmissão da bactéria se dá de forma horizontal. “O patógeno é transmitido de peixe para peixe através do contato direto destes animais no ambiente de produção”, explica.

Além disso, o especialista destaca que é importante considerar que algumas condições também podem facilitar a contaminação dos peixes. “Os fatores que favorecem a infecção por esta enfermidade são principalmente a densidade no cultivo associado a situações de estresse relacionados à qualidade da água e o estresse de manejo. As criações intensivas e superintensivas naturalmente apresentam-se mais desafiadoras e mais comuns para aparecimento de surtos”, completa.

Streptococcus iniae é mais comum em tilápias

Embora as diferentes formas de estreptococose possam atingir uma gama de animais aquáticos, como peixes, anfíbios e crustáceos, sua contaminação é particularmente comum em peixes do gênero Tilápia. “As condições intensivas de cultivo associadas às temperaturas tropicais, entre outros fatores, é que favorecem a alta prevalência de estreptococoses em cultivos de tilápias”, esclarece Rodrigo.

É importante destacar que o Streptococcus iniae é considerado uma zoonose, já que a doença pode afetar uma pequena parcela de humanos, e se caracteriza por ser um beta-hemolítico. Entretanto, a bactéria é frequentemente ligada a outros patógenos de Streptococcus, podendo se manifestar em paralelo no mesmo ambiente de aquicultura.

Bactéria pode causar septicemias

Entre os efeitos da estreptococose em tilápias, é comum a morte por meningoencefalite e até mesmo  a infecção generalizada, como enfatiza o mestre em Ciência Animal. “É natural o surgimento de septicemias sistêmicas clássicas, atingindo a infecção em diversos órgãos, como rins, fígado, coração e baço, por exemplo”, destaca Rodrigo Zanolo.

Devido à gravidade do caso, o prejuízo para a aquicultura pode ser severo. “O dano às tilápias é sistêmico, podendo trazer mortalidades diretas em sua manifestação clínica aguda, assim como queda de desempenho quando a doença se apresenta em seu quadro crônico. Os prejuízos econômicos são diretos aos produtores de tilápias devido à mortalidade direta, assim como as quedas de desempenho e performance produtiva”, completa o médico-veterinário.

Como prevenir surtos de Streptococcus iniae na aquicultura

É possível efetivamente prevenir os danos causados por Streptococcus iniae, de forma a proteger os animais e também o aquicultor. “O controle e prevenção das estreptococoses está associada a três pilares e estratégias principais, sendo elas: ações de higiene e biosseguridade, boas práticas de manejo em geral e, principalmente, programas de vacinação”. O ideal é imunizar a criação com vacinas que contenham as células inativadas da bactéria, possibilitando assim o fortalecimento do sistema imune das tilápias.

Logo, apesar do fato de a Streptococcus iniae oferecer riscos para a piscicultura de tilápias, já que está ligada ao desenvolvimento de meningoencefalite e septicemias sistêmicas nos animais, é possível inibir a sua circulação através de medidas de biossegurança e de um protocolo vacinal adequado. Sendo assim, os médicos-veterinários devem estar cientes sobre como funciona a vacina para a estreptococose em peixes para que possam conhecer o seu mecanismo de ação, podendo orientar os aquicultores quanto a sua importância. 

* Rodrigo Zanolo (CRMV: 2908) é médico-veterinário e mestre em Ciência Animal pela Universidade Estadual de Londrina. Possui mais de 15 anos de experiência na área de Sanidade Aquícola e é Gerente de Mercado no setor de Aquicultura na MSD Saúde Animal.

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