Alimentos alternativos para tilápia: opções funcionais incrementam a imunidade

Incluir suplementos na alimentação das tilápias é uma ótima forma de investir no bem-estar de peixes e ainda otimizar a produtividade. Existem alimentos alternativos para tilápia que são, na verdade, micronutrientes e probióticos que melhoram o sistema imunológico. O artigo “Effect of treatment with probiotics as water additives on tilapia (Oreochromis niloticus) growth performance and immune response”, publicado na revista acadêmica Fish Physiology and Biochemistry (FISH), destaca como o uso de probióticos na tilapicultura resulta em uma melhora significativa no estado imunológico e no desempenho de crescimento dos animais. Para abordar melhor o assunto, nós conversamos com o médico-veterinário Sergio Vasquez, que falou mais sobre as vantagens de utilizar aditivos para enriquecer a alimentação das tilápias.

Fórmulas de alimentos alternativos para tilápia são compostas por vitaminas, nucleotídeos e outros micronutrientes

De acordo com o médico-veterinário Sergio Vasquez, existem diferentes componentes nutricionais que podem integrar a alimentação complementar das tilápias. Por isso, não é possível definir uma fórmula única para otimizar a dieta dos peixes.

“Não existem alimentos funcionais, mas sim ingredientes e aditivos que, usados ​​em proporções comprovadas, têm efeito no organismo dos peixes, melhorando a resposta ao estresse, a doenças e a seus agentes causais. Os componentes das dietas funcionais mais utilizados vão desde micronutrientes de origem mineral, imunoestimulantes ou imunomoduladores de origem vegetal até vitaminas, nucleotídeos e fortificações com aminoácidos. Cada empresa que produz ração para peixes gera sua própria receita de componentes e estratégias de uso, que são validadas em bioensaios e, posteriormente, na prática em ciclos completos de produção”, explica o especialista.

Na criação de tilápias, dietas funcionais ajudam na defesa contra patógenos

Diante de situações de estresse no ciclo produtivo – que podem ser ocasionadas por parasitas, falhas no manejo, doenças e até por problemas na gestão de qualidade da água -, faz toda a diferença apostar em uma alimentação complementar. Vasquez destaca que o uso de aditivos nutricionais na tilapicultura ajuda a prevenir doenças e também a recuperar possíveis quadros infecciosos.

“A imunidade dos peixes pode ser estimulada com dietas funcionais, pois o estresse oxidativo é reduzido em nível celular e o espessamento de mucosas (como pele, intestino e brânquias) é estimulado para a defesa contra patógenos. Além disso, esse tipo de dieta funcional estimula a resposta imune e inflamatória em peixes, o que ajuda a reduzir os efeitos nocivos de patógenos, que podem ser de origem viral, bacteriana ou ectoparasitária. Outros benefícios das dietas funcionais são melhorar o crescimento e diminuir o fator de conversão”, destaca o médico-veterinário.

Uso de aditivos alimentares na tilapicultura ajuda a evitar o uso antibióticos e outros medicamentos

Em termos financeiros, o uso de alimentos alternativos para tilápia também pode ser bastante vantajoso. De acordo com o médico-veterinário, investir em uma alimentação complementar para peixes pode resultar em uma redução direta nos custos com medicamentos. “Na medida em que conseguem gerar uma boa condição de saúde, (as dietas funcionais) evitam ou reduzem a possibilidade de doenças. Se estas são causadas ​​por agentes bacterianos, os aditivos alimentares podem ajudar a prevenir sua manifestação ou ao menos atenuá-las, o que levaria a menos ou nenhum uso de antibióticos”, afirma o especialista.

Medidas de biosseguridade na piscicultura também são importantes para melhorar a imunidade das tilápias

Quando se trata de melhorar o bem-estar dos peixes, evitar prejuízos e garantir um bom funcionamento da produção, é imprescindível investir em infraestrutura e seguir alguns cuidados básicos. De acordo com Vasquez, além de apostar em dietas funcionais para otimizar o negócio, também é importante adotar medidas de biosseguridade para a tilapicultura. 

“Não podemos deixar de citar outras ações, como: uso de vacinas; monitoramento e detecção precoce e oportuna de patógenos; tratamento precoce e oportuno quando apropriado; manutenção de baixas cargas parasitárias; boas condições de cultivo, como densidades e manejo adequados; e, claro, uma boa nutrição para as diferentes fases do cultivo. Por fim, medidas de biosseguridade adequadas também contribuem para um bom resultado sanitário e produtivo, tornando a atividade sustentável ao longo do tempo”, finaliza o especialista.

Conclui-se, então, que o uso de alimentos alternativos para tilápia – isto é, ingredientes e aditivos nutricionais, como vitaminas, aminoácidos e nucleotídeos – ajuda de forma expressiva a prevenir doenças e a promover o crescimento saudável dos peixes no cultivo de tilápia. Adotar dietas funcionais na piscicultura, inclusive, ajuda a evitar os custos com antibióticos e outros medicamentos, além de garantir o bem-estar dos animais no longo prazo. É importante, ainda assim, que o planejamento alimentar das tilápias seja realizado em conjunto com boas práticas de produção, que incluem medidas de biosseguridade.

* Sergio Vasquez é graduado em Medicina Veterinária pela Universidad Austral de Chile e é mestre em Medicina Veterinária com especialização em Doenças de Salmonídeos pela Universidad San Sebastián de Puerto Montt. Tem mais de 30 anos de experiência na indústria de salmão chilena e é Representante de Vendas da MSD Saúde Animal.