Suinocultura

Disenteria suína: conhecendo os fatores de risco

25 fevereiro 2022

A disenteria suína é causada pela bactéria Brachyspira hyodysenteriae, uma espiroqueta anaeróbia que infecta suínos nas fases de crescimento e terminação, causando grave diarreia muco-sanguinolenta nos animais acometidos. A doença afeta economicamente a produção suinícola quando diagnosticada em rebanhos livres do patógeno devido à alta morbidade ocasionada, algumas vezes elevando também as taxas de mortalidade (Taylor et al., 1971; Trott et al., 1996). Atualmente, não existem vacinas comerciais contra o agente no mercado, impossibilitando o seu uso na prevenção da enfermidade. Portanto, conhecer os meios que facilitam a contaminação do rebanho suíno é fundamental para manter a disenteria suína longe das granjas (Zeeh et al., 2019).

Alguns fatores de risco têm sido estabelecidos como pontos a serem considerados no favorecimento da introdução da espiroqueta no rebanho. A principal forma de entrada da Brachyspira hyodysentariae na granja se dá através da frequente compra de suínos de diferentes origens. A bactéria pode ser introduzida por esses animais, que atuam como carreadores, e também pelos veículos transportadores. Nesse mesmo sentido, plantéis com números elevados de suínos podem representar uma fonte importante para o estabelecimento da disenteria suína, uma vez que em rebanhos como esses é comum que múltiplos lotes de animais sejam adquiridos de diversas granjas (Zeeh et al., 2019).

É amplamente conhecido que a infestação por roedores é um problema corriqueiro nas granjas, além de ser um fator de risco relevante para a ocorrência da disenteria suína. Os camundongos são importantes mantenedores da Brachyspira hyodysenteriae no ambiente, podendo excretá-la nas fezes por vários meses. Em acréscimo ao poder disseminador dos roedores, aves e moscas também são capazes de carrear o patógeno para as propriedades produtoras de suínos. Por outro lado, suínos asselvajados e javalis são fonte de infecção quando em contato com  animais susceptíveis nas granjas (Hampson, 2012; Zeeh et al., 2019).

Medidas de biosseguridade como limpeza e desinfecção das instalações, vazio sanitário entre lotes subsequentes, controle de roedores e uso de antimicrobianos são importantes para controlar a disseminação do agente na granja, mas não suficientes para erradicar a Brachyspira hyodysenteriae do rebanho. Estudos mostram que somente granjas que implementaram essas ações sanitárias após a despopulação total ou parcial do plantel atingiram o status de livre da disenteria suína. Além disso, esses estudos destacam a importância da adoção do sistema “all in/all out” e do vazio sanitário de 8 semanas para que a erradicação da espiroqueta seja alcançada e, então assim, as instalações sejam repovoadas com novos lotes de suínos (Neirynck et al., 2020).

Referências:

Hampson, D.J. Brachyspiral colitis. In: Zimmerman, J.J.; Karriker, L.A.; Ramirez, A.; Schwartz, K.J.; Stevenson, G.W.; eds. Diseases of Swine. 10th ed. Ames, IA: Wiley-Blackwell; p.680-696, 2012.

Neirynck, W., Boyen, F., Chantziaras, I. et al. Implementation and evaluation of different eradication strategies for Brachyspira hyodysenteriae. Porc Health Manag 6, 27 (2020). https://doi.org/10.1186/s40813-020-00162-2

Taylor DJ, Alexander TJ: The production of dysentery in swine by feeding cultures containing a spirochaete. Br Vet J 1971, 127:58–61. 2. 

Trott DJ, Stanton TB, Jensen NS, Duhamel GE, Johnson JL, Hampson DJ: Serpulina pilosicoli sp. nov., the agent of porcine intestinal spirochetosis. Int J Syst Bact 1996, 46:206–215.

Zeeh, F., Vidondo, B., & Nathues, H. (2019). Risk factors for the infection with Brachyspira hyodysenteriae in pig herds. Preventive Veterinary Medicine, 104819. doi:10.1016/j.prevetmed.2019.104819.