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Os sintomas da diabetes canina e como é feito o tratamento da doença

10 fevereiro 2022

Para a diabetes canina, o tratamento mais indicado é a insulina injetável

A diabetes canina é uma doença complexa que se desenvolve a partir da incapacidade do pâncreas em produzir insulina e/ou dessa insulina não atuar adequadamente, causando o excesso de açúcar no sangue. Embora não tenha cura, seu tratamento pode melhorar muito a qualidade de vida do cão, o que evidencia a importância de um diagnóstico precoce. Para entender melhor como identificar os sintomas de diabetes em cães e o que pode ser feito no tratamento da doença, conversamos com o veterinário Marcio Antonio Barboza, que ressaltou os principais tópicos de interesse veterinário a respeito desse assunto.

Quais os principais sintomas de diabetes em cães?

É interessante ressaltar que o cachorro tem diabetes de forma similar à dos humanos – inclusive diferenciada entre os tipos 1 e 2, como explica Marcio Antonio. “A diabetes mellitus em cães pode estar associada tanto à perda ou disfunção da secreção de insulina pelas células beta pancreáticas (diabetes tipo 1), quanto pela redução de sensibilidade à insulina nos tecidos (diabetes tipo 2). Nos cães, a principal causa associada ao desenvolvimento da doença é a perda das células beta pela destruição imunomediada, ou seja, a diabetes mellitus do tipo 1 é a mais prevalente em cães”, afirma.

Com relação aos sintomas, o veterinário apontou alguns sinais característicos do comportamento do animal. “As manifestações clínicas clássicas da doença são a poliúria (urinar em grande quantidade), polidipsia (beber muita água), polifagia (comer demais) e a perda de peso. Além disso, muitos cães desenvolvem catarata diabética nos dois primeiros anos da doença”, destaca.

Fatores de risco para cachorro diabético

Marcio Antonio explica que pode haver fatores genéticos que predispõem os cães a desenvolverem diabetes. Há indícios de que as raças Terrier Australiano e Samoiedas, por exemplo, são mais propensas a adquirir diabetes canina, embora os estudos sobre o tema ainda sejam inconclusivos. “Até o presente momento não conseguimos, na medicina veterinária, fazer exames que nos mostrem essa predisposição baseado em análise genética. Quanto aos cuidados relacionados a essas raças, seria interessante manter hábitos mais saudáveis, como realizar atividade física diariamente, alimentação equilibrada, cuidado com o desenvolvimento de obesidade e visitas periódicas ao médico veterinário para avaliação da saúde”, ressalta.

Ainda de acordo com o especialista, os hábitos cotidianos do animal não interferem diretamente no desenvolvimento da doença, mas alguns cuidados preventivos podem ser grandes aliados para evitar o problema endócrino. “Manter uma atividade física periódica e um bom manejo nutricional evitam obesidade e favorecem uma melhor ação da insulina. Levar o animal periodicamente ao veterinário para check-ups ou ao observar qualquer sintomatologia relacionada à doença favorece o diagnóstico precoce e o seu melhor controle”, destaca Marcio Antonio Barboza.

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Diagnóstico e tratamento da diabetes em cachorro

Para fechar o diagnóstico clínico da diabetes canina, é preciso realizar alguns procedimentos clínicos. “A avaliação da glicemia e o exame de urina são fundamentais para o diagnóstico da doença e devem ser feitos caso haja suspeita. No entanto, não significa que só devam ser feitos nesse momento. Check-ups anuais são sempre importantes, sendo que estes exames devem fazer parte da avaliação, principalmente à medida que os cães vão ficando mais idosos”, comenta Marcio.

O tratamento mais eficaz para os cães portadores de diabetes é a aplicação de insulina, feita diretamente pelo médico veterinário ou tutor do animal. “De acordo com o consenso de diabetes mellitus de 2018, a insulina de eleição para o tratamento de cães diabéticos é a insulina veterinária de ação intermediária lenta, de origem suína e concentração de 40 UI/mL, registrada no Brasil como Caninsulin®, devendo-se realizar duas administrações diárias, com intervalo de 12 horas. É importantíssimo que o veterinário oriente/ treine o tutor de como e onde fazer as aplicações da insulina, pois ele é um dos grandes responsáveis pelo sucesso do tratamento”, afirma o médico veterinário.

Outros cuidados possíveis com o cachorro diabético também foram evidenciados pelo especialista. “É importante utilizar ração coadjuvante para cães diabéticos que deve ser fornecida duas vezes ao dia, juntamente com a aplicação da insulina e tratar fatores que possam levar a um mal controle glicêmico, como por exemplo, doenças concomitantes (infecção urinária, hiperadrenocorticismo, doença periodontal). É recomendável a castração das fêmeas para um melhor controle glicêmico durante o tratamento devido a interferência dos hormônios femininos na ação da insulina”, finaliza.

Dominar as particularidades da diabetes canina é essencial para garantir o diagnóstico precoce e, assim, iniciar o tratamento o quanto antes. Por isso, o veterinário deve saber as diferenças dos quadros de diabetes em cachorros e gatos. Em cães, por exemplo, a destruição imunomediada das células beta pancreáticas é um fator muito importante, e ela não ocorre com os felinos.

* Marcio Antonio Barboza (CRMV-SP 12.624) é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo (USP) e ocupa o cargo de Gerente Técnico Pet na MSD Saúde Animal.

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