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Diabetes em cachorro: como interpretar o exame de curva glicêmica corretamente

14 julho 2022

O exame de curva glicêmica em cães com diabetes permite que o médico veterinário tenha informações sobre a evolução clínica do paciente

O exame que mede a curva de glicose é uma das principais ferramentas utilizadas para monitorar a diabetes mellitus em cachorro, pois permite que os veterinários identifiquem quando se deu o início da atuação da insulina, o tempo de duração no organismo e o nadir da glicose. A partir dos resultados, é possível obter um parâmetro sobre a evolução do quadro clínico do cão e realizar possíveis ajustes na dose de insulina administrada, por exemplo. No entanto, a interpretação da curva glicêmica deve ser feita com cautela, pois existem fatores que podem influenciar no resultado. Para entender melhor sobre isso, conversamos com o médico veterinário Marcio Antonio Barboza. Veja a seguir!

Ao analisar a curva de tolerância à glicose, o veterinário deve considerar sinais clínicos associados

Marcio Barboza afirma que ao se avaliar a curva glicêmica dos cães, independentemente se esse for o primeiro ou o mais recente resultado, duas perguntas básicas devem ser feitas: “Primeiramente, a insulina conseguiu baixar a glicemia? E em segundo lugar, por quanto tempo a glicemia foi controlada? Respondendo a essas perguntas, podem ser feitas mudanças adequadas na dosagem da insulina”.

Mas o veterinário faz a seguinte ressalva em relação ao procedimento: “É importante salientar que as curvas glicêmicas não são perfeitas e devem sempre ser interpretadas considerando os sinais clínicos. Elas variam de um dia para o outro e podem ser afetadas pelo desvio da rotina normal do paciente”. Por isso, Marcio recomenda que no momento que o teste for feito, o esquema de alimentação do animal e o tratamento da diabetes devem estar da forma mais disciplinada possível.

Para obter uma avaliação mais precisa do quadro clínico da diabetes em cães, também é importante observar o valor do nadir no exame que mede a curva de tolerância à glicose. Marcio aponta que o nadir ideal é uma glicemia de 80-150 mg/dL e o índice mais alto deve ser próximo de 200 mg/dL. “Ou seja, em um cão com a diabetes controlada, espera-se que sua glicemia esteja o máximo de tempo possível entre 80 a 200 mg/dL”, conclui o especialista.

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Quando o exame de curva glicêmica deve ser realizado em um cachorro com diabetes? 

De acordo com o médico veterinário, existem algumas situações em que o teste de curva glicêmica deve ser feito nos cachorros com diabetes. São elas:

  • Após a primeira dose de um novo tipo de insulina, a fim de observar se vai haver picos de hipoglicemia;
  • Em 7-14 dias após uma alteração na dose de insulina, para analisar como o cão está respondendo ao novo regime terapêutico;
  • No mínimo a cada 3 meses, mesmo em pacientes bem controlados. Dessa forma, é possível identificar uma condição de hipoglicemia antes que ela gere sinais clínicos, permitindo que o médico reduza a dose de insulina com antecedência;
  • Se os sintomas da diabetes canina forem reincidentes;
  • Quando houver suspeita de hipoglicemia.

Embora o exame de curva glicêmica seja uma excelente ferramenta para monitorar a evolução do tratamento de diabetes canina, existem outros critérios que os médicos devem se atentar. Até mesmo porque, conforme explica Marcio Barboza, um dos objetivos da prática terapêutica é reduzir os sintomas e administrar doenças concomitantes que podem comprometer a glicose normal do cachorro.

“Neste sentido, acompanhar a ingestão de água, o volume urinário, o apetite e o peso do animal são fundamentais para o controle do cão diabético. Soma-se a estes parâmetros clínicos os exames complementares, como as curvas glicêmicas, medições de glicose na urina, proteínas glicadas e outros que forem necessários para o diagnóstico de doenças concomitantes que exijam tratamentos complementares ao do Diabetes Mellitus”, esclarece o especialista.

Em resumo, podemos concluir que para interpretar o exame de curva glicêmica corretamente, os veterinários devem se certificar de que a insulina foi eficaz para controlar os níveis de glicose no sangue em um tempo de duração adequado. E que, além disso, o monitoramento dos sinais clínicos característicos da doença deve ser realizado. Também é importante que os médicos orientem aos tutores que a rotina do animal pode influenciar no resultado do exame, sendo imprescindível que a alimentação e o tratamento com insulina estejam adequados às suas necessidades. Por fim, os profissionais devem estar cientes sobre os cuidados relacionados ao tratamento, o que inclui as diretrizes sobre como aplicar insulina em cachorro com diabetes.

* Marcio Antonio Barboza (CRMV-SP: 12.624) é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo e ocupa o cargo de Gerente Técnico Pet na MSD Saúde Animal

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