Aquicultura

A importância do monitoramento e controle da qualidade da água na produção de peixes

30 junho 2022

A qualidade da água na produção de peixes desempenha um papel fundamental no sucesso produtivo. Isso porque os animais realizam as trocas gasosas por difusão direta entre o sangue e a água através das brânquias, então se o meio aquático estiver com parâmetros inadequados, a saúde dos peixes será diretamente comprometida. Dessa forma, é necessário que haja um monitoramento efetivo dos principais índices de qualidade da água.

Qualidade da água na piscicultura influencia o crescimento e a reprodução dos peixes

Segundo o médico-veterinário e mestre em Ciência Animal Rodrigo Zanolo, os índices mais importantes para avaliar a qualidade de água são oxigênio dissolvido, temperatura da água, pH, amônia e alcalinidade. Ele explica que os valores de referência podem variar de acordo com a espécie e dá algumas estimativas: “De forma geral, para peixes tropicais que incluem tilapias, tambaqui, pintado, bagres, entre outros, os índices ideais de oxigênio devem estar acima 5 mg/L; temperaturas entre 25 e 28 C°; pH entre 7,0 e 8,5 e amônia abaixo de 0,05 mg/L”.

De acordo com uma publicação da Revista Panorama da Aquicultura, deve-se acompanhar diariamente o nível de oxigênio dissolvido e a temperatura da água na produção de peixes. Isso diminui as chances de que os tanques de cultivo  atinjam níveis críticos de oxigênio dissolvido, garantindo bons padrões respiratórios, ao mesmo tempo que permite alcançar a faixa de conforto térmico para a espécie cultivada. Outro artigo da Revista aponta que quanto maior for a temperatura da água dentro da faixa de conforto térmico, maior será o consumo de alimento e o crescimento dos peixes. 

Ainda com base nesses artigos, é de suma importância que sejam feitas medições semanais do pH e da amônia total contidos na água. Enquanto valores extremos de pH prejudicam o crescimento e a reprodução dos peixes, níveis inadequados de amônia dissolvida também podem retardar o crescimento do lote e desenvolver uma baixa tolerância nos peixes à circulação de patógenos.

Como controlar a qualidade da água na produção de peixes

Além das ferramentas mais conhecidas para realizar o controle da qualidade da água na piscicultura, como oxímetro e kits colorimétricos para mensurar os níveis de amônia e alcalinidade, Rodrigo Zanolo cita os biorremediadores e os aeradores. “Os biorremediadores são produtos à base de bactérias benéficas e com alta capacidade de oxidar o excesso de matéria orgânica nos tanques de produção e utilizados na presença dos peixes. Estes produtos são adicionados à água de cultivo seguindo as orientações técnicas dos fabricantes. Outra tecnologia bastante importante para mantermos a qualidade de água no cultivo são os aeradores, capazes de incorporar ou manter os bons níveis de oxigênio em um tanque de cultivo através de uma ação mecânica com auxílio de pás, que incorporam o oxigênio diretamente do ar junto à água de cultivo”, detalha o profissional.

Em relação às estratégias para manter uma boa qualidade da água, a correta higienização dos tanques é indispensável. “A limpeza dos tanques deve ser realizada sempre no intervalo de um ciclo produtivo para outro. Nesta oportunidade, é retirado todo excesso de matéria orgânica. Normalmente a higienização dos tanques não pode ser realizada com a presença dos peixes devido ao estresse gerado e até mesmo a dificuldade operacional de fazer este manejo com a presença de peixes dentro dos tanques, sejam eles, tanques-rede ou tanques escavados”, conclui Rodrigo. 

Em resumo, entende-se a importância de monitorar a qualidade da água na piscicultura ao saber que os níveis de pH, temperatura, amônia e oxigênio dissolvido, por exemplo, têm influência direta sobre os mecanismos fisiológicos dos peixes. Dessa forma, além do controle sobre os parâmetros da água, deve-se estabelecer cuidados sanitários, como a higienização dos tanques e a coleta de mortalidade diária na produção de peixe.

* Rodrigo Zanolo é médico-veterinário, mestre em Ciência Animal e Gerente de Mercado de Aquicultura na MSD Saúde Animal.