A vacinação é uma das principais ferramentas para o controle da gripe suína, uma doença que afeta as granjas de suínos em todo o mundo. É importante entender e avaliar o uso dessa medida para ajudar a controlar a disseminação do vírus.
Este artigo explora as características da influenza suína, a importância de seu controle e as vacinas disponíveis atualmente.
Características do vírus e a importância de seu controle
O vírus da influenza A é um vírus de RNA altamente adaptável, capaz de gerar novos subtipos virais por meio de sua capacidade de rearranjo genético e acúmulo de mutações pontuais. Como resultado dessas mudanças, a sequência de aminoácidos pode ser modificada, alterando assim as proteínas que compõem o vírus.
Entre as proteínas virais, duas se destacam como as estruturas antigênicas mais importantes do vírus: a hemaglutinina (HA) e a neuraminidase (NA). De fato, a nomenclatura da doença é baseada nessas proteínas (Influenza A H1N1).
Os anticorpos neutralizantes gerados contra a hemaglutinina são considerados protetores e sua medição, usando o teste de inibição da hemaglutinação (HI), é tradicionalmente usada para inferir a proteção em um animal. Por esse motivo, a obtenção de altos níveis desses anticorpos é um dos principais objetivos da vacinação.
A vacinação é a principal ferramenta disponível para controlar a gripe suína.
Vacinas
Tradicionalmente, as vacinas comerciais contra o vírus da influenza suína são baseadas em vírus inteiros inativados (também chamados de “vírus mortos”) para aplicação parenteral (intramuscular). Essas vacinas são projetadas com a incorporação de adjuvantes, geralmente do tipo oleoso, que reforçam e prolongam a resposta imunológica gerada no animal.
Os tipos de vacinas disponíveis variam de acordo com o país e sua legislação, mas sabe-se que quanto maior o número de subtipos incluídos na formulação, maior e mais ampla será a cobertura, por isso são recomendadas as vacinas polivalentes. De fato, há uma vacina comercial disponível que inclui até cinco subtipos virais (múltiplos subtipos H1N1 e H3N2).
Como alternativa, há outras opções, como as autovacinas, que são usadas com frequência em alguns países. Nos Estados Unidos, está disponível uma nova tecnologia de plataforma de vacina baseada em RNA que oferece ótimos resultados. Essa ferramenta demonstrou segurança e eficácia e tem a vantagem de ser formulada de acordo com o subtipo viral diagnosticado na fazenda.
As vacinas são geralmente aplicadas em fêmeas. Essa estratégia estimula a produção de anticorpos maternos que são transmitidos via colostro para os leitões e os protege contra a doença clínica. Além disso, foi relatado que a vacina tem efeitos benéficos sobre os índices reprodutivos, evitando falhas reprodutivas que ocorrem na apresentação clínica (abortos, repetição de cio). Em alguns casos, os suínos de engorda também são vacinados.
Globalmente, o uso de vacinas ajudou a reduzir os surtos de doenças clínicas e a circulação viral. A imunização na fazenda é bem-sucedida na redução da sintomatologia e de seus efeitos prejudiciais nos tecidos, além de reduzir a disseminação e a transmissão entre os animais.
A epidemiologia e as características do vírus tornam a atualização das vacinas comerciais em todo o mundo um problema, pois muitas vezes elas não coincidem com a evolução das variáveis antigênicas que circulam no campo. Isso representa o principal desafio e discussão em relação ao controle da Influenza. Entretanto, é importante ressaltar que a vacinação é eficiente na redução dos sinais clínicos e dos títulos virais pulmonares e, portanto, justifica seu uso.
Concluindo, apesar da diversidade genética do vírus da influenza A suína e das dificuldades em sua aplicação, a vacinação é a principal ferramenta disponível para o controle da doença. Essa medida é de grande importância, levando-se em conta o papel dos suínos na epidemiologia do vírus da influenza.
Referências
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