Suinocultura

Síndrome do estresse suíno: Qual é o seu efeito na carne suína?

A síndrome do estresse suíno é uma doença genética hereditária associada à presença de um gene recessivo. Essa doença tem diferentes apresentações, incluindo hipertermia maligna, músculo pálido, mole e exsudativo e necrose do músculo dorsal. Essas complicações podem ter consequências graves para o bem-estar e a qualidade de vida dos suínos.

É essencial que os veterinários prestem atenção especial aos sinais da síndrome do estresse suíno. Continue lendo para saber mais sobre os aspectos mais importantes dessa doença, seu diagnóstico e controle.

Origem e etiologia da síndrome do estresse suíno

A síndrome do estresse suíno tem sua origem em uma mutação genética. Essa mutação tem sido associada à seleção, pelos produtores, de animais com alto desenvolvimento muscular. O responsável por essa síndrome em suínos é o gene do receptor de rianodina (ryr1), anteriormente conhecido como gene do halotano (hal). Essa mutação causa uma liberação anormal de cálcio nas células musculares, tornando os suínos mais suscetíveis ao estresse.

Há três genótipos, dependendo do alelo carregado por cada animal, resultando em: 

  • animais saudáveis: suínos homozigotos dominantes, sem portar o gene.
  • animais portadores: suínos heterozigotos, sem apresentações clínicas, mas que transmitem o gene aos seus descendentes.
  • animais suscetíveis: suínos homozigotos recessivos em que, devido à mutação genética, ocorre um distúrbio muscular e apresentações clínicas. 

A síndrome do estresse suíno pode ter consequências graves para o bem-estar e a qualidade de vida dos suínos.

Apresentações clínicas da síndrome

Em animais suscetíveis, após determinados estímulos, ocorre uma regulação alterada do cálcio no músculo esquelético e um metabolismo muscular acelerado. Os fatores desencadeantes incluem a exposição ao halotano (um anestésico inalatório) ou situações estressantes durante o transporte e o manejo. Como resultado, podem ocorrer diferentes manifestações clínicas: 

  • Síndrome do estresse suíno: ocorre durante o transporte dos animais, devido à superlotação. Os suínos afetados apresentam rigidez muscular, dispneia, eritema cutâneo, com um período de desenvolvimento curto (minutos) que termina em morte.
  • Hipertermia maligna: a condição é irreversível e é desencadeada pela exposição ao halotano. Ocorre aumento do metabolismo muscular, acidose láctica, hipertermia, taquicardia e morte aguda. 
  • Carne pálida, mole e exsudativa: essa manifestação altera a qualidade da carne e ocorre após o abate. Nesse caso, o processo de rigor mortis é acelerado, resultando em uma carne mole com perda de líquido e sabor desagradável. 
  • Necrose do músculo dorsal: essa manifestação ocorre quando os suínos passam por um período de estresse e desenvolvem inflamação com posterior necrose do músculo dorsal longo. 

Efeito na carne suína

Os animais suscetíveis sofrem uma alteração no mecanismo de regulação do cálcio, que representa um mineral essencial nos ciclos de contração e relaxamento do tecido muscular. Essa alteração leva a níveis elevados de cálcio no citoplasma da célula muscular, o que causa um aumento no metabolismo aeróbico, na glicogenólise e na glicólise, resultando em excesso de ácido lático e hipertermia. 

Esses processos ocorrem de forma exagerada em suínos suscetíveis após o abate, resultando em uma rápida queda do pH e na elevação da temperatura da carne (pH abaixo de 6 e temperaturas acima de 41 °C durante a primeira hora após o abate). Como consequência, as carnes têm uma aparência pálida, com perda de líquido e um sabor desagradável. 

Diagnóstico e controle 

Os tratamentos disponíveis para atenuar o quadro clínico geralmente são ineficazes devido à gravidade da condição. Por esse motivo, uma das principais ferramentas de controle da síndrome é a identificação da presença do gene em suínos. Graças ao resultado da amostra de DNA, é possível determinar se o animal é portador do gene e até mesmo se ele é suscetível (homozigoto) ou não suscetível (heterozigoto). Essas informações devem ser levadas em conta para o planejamento da seleção e dos cruzamentos em cada fazenda.

Outra ferramenta de controle disponível é a redução dos fatores desencadeantes. Isso inclui o manejo adequado dos animais com o objetivo de minimizar o estresse. 

Concluindo, a síndrome do estresse suíno é uma condição com graves consequências para a saúde dos suínos e para o setor suinícola. É essencial que os veterinários estejam informados sobre essa condição, pois o diagnóstico precoce e a implementação de medidas de manejo adequadas são fundamentais.

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Referências:

-Fujii, J., Otsu, K., Zorzato, F., de Leon, S., Khanna, V., Weiler, J., MacLennan, D. (1991). Identification of a mutation in porcine ryanodine receptor associated with malignant hyperthermia. Science, 253(5018), 448–451. doi:10.1126/science.1862346 

– BONELLI, A. M., & SCHIFFERLI R, C.. (2001). Síndrome Estrés Porcino. Archivos de medicina veterinaria, 33(2), 125-135. https://dx.doi.org/10.4067/S0301-732X2001000200001

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