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Lawsonia intracellularis: Como é feito o diagnóstico?

A Lawsonia intracellularis é uma bactéria patogênica que afeta os suínos. Como o nome sugere, a Lawsonia intracellularis vive dentro das células do hospedeiro, onde se replica e causa espessamento da mucosa. Esse patógeno é uma bactéria onipresente, de ocorrência global, que pode ser encontrada em qualquer região onde haja produção de suínos.

A Lawsonia intracellularis afeta a região do íleo, causando ileíte suína, também chamada de enteropatia proliferativa suína. Essa doença causa grandes perdas econômicas, devido à deterioração dos índices de produção e também à sua alta mortalidade. Além disso, à medida que a infecção progride, ela pode envolver outras regiões, como o jejuno e o ceco.  

Em suínos, a Lawsonia intracellularis causa uma ampla gama de padrões de doença. Elas variam de apresentações subclínicas, nas quais são detectados atraso na taxa de crescimento e diminuição da eficiência da conversão alimentar, a quadros clínicos. Em animais com sintomas, observa-se principalmente diarreia e perda de peso. 

Diagnóstico da doença

  • As primeiras ferramentas para o diagnóstico são baseadas no exame clínico, acompanhado de anamnese e patologia macroscópica:

Inicialmente, uma avaliação macroscópica das lesões é realizada durante a necropsia, onde pode ser observado o espessamento do íleo e das regiões intestinais próximas. 

Dependendo da gravidade da condição, seja ela aguda ou crônica, podem ser relatadas enteropatia hemorrágica (apresentação aguda), espessamento da mucosa com aparência “cerebroide” (apresentação crônica não complicada) ou exsudato na forma de placas fibrinonecróticas (apresentação crônica complicada). 

Embora as lesões sejam facilmente reconhecíveis, elas não são patognomônicas e os diagnósticos diferenciais devem ser considerados.

Um protocolo para a avaliação de lesões intestinais foi estabelecido para estimar as perdas econômicas relacionadas à ileíte. Essa ferramenta é fácil de aplicar e consiste em um método de monitoramento no refrigerador por meio da palpação do intestino e da observação da mucosa intestinal, atribuindo diferentes níveis de lesão. 

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  • Análise histopatológica:

Para essa avaliação, as amostras de tecido intestinal devem ser fixadas em formalina e podem ser armazenadas por períodos prolongados sem alteração. As lesões microscópicas descritas estão associadas à hiperplasia da mucosa com proliferação de células epiteliais imaturas. Por outro lado, a observação das bactérias pode ser facilitada pela coloração com prata Warthin-Starry, embora não seja específica. 

  • Detecção do agente:

Como a Lawsonia intracellularis é uma bactéria intracelular obrigatória, sua cultura é muito difícil, mesmo em laboratórios especializados. Por esse motivo, outras técnicas de identificação de agentes foram desenvolvidas:

  • Imunohistoquímica

Nessa técnica, a partir do tecido da lesão, a bactéria é identificada usando um anticorpo específico anti Lawsonia intracellularis, por meio de observação microscópica.

  • Reação em cadeia da polimerase (PCR)

A PCR é usada para detectar o material genético da bactéria. Esse teste pode ser realizado em material fecal ou em raspagem da mucosa intestinal. O último é preferível, pois aumenta a sensibilidade da detecção. As amostras devem ser mantidas refrigeradas e enviadas ao laboratório imediatamente. 

A técnica de PCR em tempo real (qPCR) permite a determinação de faixas específicas de valores que têm um forte valor preditivo para a infecção por Lawsonia intracellularis em amostras fecais. 

  • Detecção de anticorpos

Para o diagnóstico da ileíte suína, estão disponíveis métodos sorológicos que avaliam a presença de anticorpos, especificamente imunoglobulinas (IgGs) produzidas contra a Lawsonia intracellularis. Atualmente, as técnicas disponíveis não diferenciam entre IgG produzida por infecção natural ou vacinação. 

Essas ferramentas ajudam a entender a dinâmica da doença na fazenda e também a resposta à vacinação. É importante mencionar que a produção da resposta imune humoral específica leva de 2 a 4 semanas. 

Estudos sorológicos de anticorpo imunofluorescente indireto (IFA) e ensaio de monocamada de imunoperoxidase (IPMA) são descritos na literatura, embora a disponibilidade desses testes em laboratórios de diagnóstico seja limitada. 

Os kits ELISA estão disponíveis comercialmente com sensibilidade variável. Recentemente, foi descrito o método FCAT (Flow Cytometry Antibody Test), que é altamente sensível, específico, rápido e fácil de aplicar em laboratórios de diagnóstico especializados. Ele consiste na medição de IgGs anti Lawsonia intracellularis por citometria de fluxo.

Assim como ocorre com as doenças infecciosas que afetam os suínos, é fundamental obter um diagnóstico correto. Isso pode ser alcançado por meio do uso combinado das ferramentas mencionadas acima e, assim, estabelecer medidas de controle estratégico e planos preventivos.

Bibliografía:

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