Suinocultura

Diarreia epidêmica dos suínos: precisamos ficar de olhos abertos!

16 fevereiro 2022

Diarreia epidêmica dos suínos afeta fortemente leitões neonatos

A diarreia epidêmica suína (PED) é uma doença de alta morbidade e mortalidade, de caráter agudo, que apresenta como sinais clínicos vômito, anorexia e diarreia líquida, acometendo suínos de todas as idades. Surtos nos EUA, em 2013, apresentaram mortalidade aproximada de 90% em leitões de até dez dias de idade, acarretando grandes prejuízos econômicos na atividade suinícola. Recentemente foi observada sua presença em países da América do Sul, tais como Peru, Colômbia e Equador, colocando em risco eminente rebanhos brasileiros (Pereira et al, 2021).

Diarreia epidêmica dos suínos pode gerar grandes perdas econômicas

Essa doença não é uma zoonose, e não impõe restrições ao comércio internacional de carne suína. Entretanto, a entrada do vírus da PED no Brasil, pode resultar em rápida disseminação entre rebanhos e grandes perdas econômicas, uma vez que o vírus permanece viável por período longo em condições ambientais como as nossas. Outro detalhe que poderia contribuir com a sua disseminação é a vulnerabilidade na biossegurança em algumas regiões de grande produção de suínos, principalmente em relação ao trânsito de pessoas e animais (Pereira et al, 2021).

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Vias de transmissão da diarreia epidêmica dos suínos são diversas

Assim, quando pensamos em transmissão de doenças, temos dois tipos: a direta e a indireta. A principal via de transmissão viral ocorre por contato oro-fecal (direta), ou seja, através de contato de suínos sadios com fezes e/ ou vômito de suínos infectados. Animais infectados eliminam o vírus nas fezes por sete a nove dias, entretanto, pesquisas têm demonstrado eliminação viral por períodos de até 42 dias após infecção experimental. Outra importante via de transmissão é a de contato indireto. Esta geralmente acontece em granjas com biosseguridade baixa e também através de fômites contaminados, como as mãos dos colaboradores, botas, roupas, ração ou ingredientes/ aditivos da dieta ou ainda caminhões utilizados para transporte dos animais (Jung et al,. 2020).

Diarreia em suínos aumenta a taxa de mortalidade em leitões neonatos

Em relação aos sinais clínicos, a idade tem uma relação importante, sendo que os animais mais velhos são menos afetados pela doença. A taxa de mortalidade pode ser entre 30 e 50%, mas chega a 100% em rebanhos infectados pela primeira vez. Leitões neonatos morrem dois a três dias após início da diarreia, devido a intensa desidratação. Leitões desmamados geralmente não morrem, mas apresentam impacto negativo no ganho de peso. A diminuição do ganho de peso pode persistir por um período de até 35 dias. Consequentemente, sistemas de crescimento/ terminação podem apresentar atraso de uma a duas semanas na idade de abate (Pereira et al, 2021).

Esta diarreia causada pelo vírus da PED é uma consequência da má absorção devido à extensiva lesão nos enterócitos funcionais, seguido pela redução de enzimas digestivas ligadas à borda da membrana. Já o vômito ocorre devido a produção exacerbada de seratonina, aumentada devido à grande produção de citocinas inflamatórias. Esses dois sinais clínicos graves podem ter como consequência a morte, por essa intensa desidratação. Além disso, com a integridade do intestino danificada, o suíno pode apresentar reações alérgicas ou até mesmo infecções secundárias, as quais dificultam a recuperação do animal (Jung et al,. 2020).

A melhor forma de se evitar a contaminação dos rebanhos brasileiros é aplicando técnicas de controle sanitário e biosseguridade. Vale salientar que impedir a entrada de agentes virais em sistemas de produção é muito mais desafiador do que agentes bacterianos (Pereira et al, 2021). Temos que realizar esses protocolos de forma mais assertiva possível, realizando a desinfecção de caminhões, garantir uma ração livre de contaminantes e manter um rígido controle de biosseguridade na entrada das granjas (Jung et al., 2020). Para uma doença que ainda não temos vacina, esses são os pontos críticos para prevenir a transmissão do agente.

Referências:

Jung, K., Saif, L.J., Wang, Q., 2020. Porcine epidemic diarrhea virus (PEDV): an update on etiology, transmission, pathogenesis, and prevention and control. Virus Res. 286, 1–13.

Pereira et al., Diarreia Epidêmica Suína (PED), enfermidade exótica no Brasil mas emergente nas américas. Vet. e Zootec. 2021; 28: 001-012.

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