Como diagnosticar a infecção por Lawsonia intracellularis em suínos
27 abril 2022
Enteropatia proliferativa, ou ileíte suína, é uma doença bacteriana causada por Lawsonia intracellularis, organismo Gram-negativo, uniflagelado e não esporulado. Essa infecção provoca o aumento das células do epitélio intestinal e das glândulas serosas, assim como o desequilíbrio na homeostase e o espessamento da parede do intestino delgado. Os sinais clínicos variam de acordo com a manifestação da enteropatia, que na maioria das vezes ocorre de forma aguda ou crônica. Na forma aguda, observa-se hemorragia intestinal súbita, que está associada à alta taxa de mortalidade animal. Na forma crônica, os suínos apresentam adenomas intestinais e sintomas como a redução do ganho de peso e diarreia.
Esses sintomas são comuns em outras doenças entéricas em suínos, como a salmonelose, e, por isso, a enteropatia é frequentemente subdiagnosticada, apesar da alta prevalência em sistemas de criação de suínos. A partir disso, faz-se necessário o emprego de testes específicos para distinguir nos rebanhos suinícolas o que é enteropatia proliferativa e o que está associado a outros agentes etiológicos. Confira abaixo como esse resultado pode ser obtido!
Métodos diagnósticos empregados para detectar Lawsonia intracellularis
A identificação da Lawsonia intracellularis em suínos pode ser feita ante-mortem e post-mortem, dependendo do objetivo do diagnóstico e da disponibilidade das amostras caso a caso. Os principais métodos ante-mortem incluem sorologia de anticorpos IgG, reação em cadeia de polimerase (PCR) e detecção de anticorpos anti-L. intracellularis em fluido oral. Já os testes indicados para o reconhecimento da bactéria post-mortem são análise histopatológica e imunohistoquímica (IHQ).
O teste mais empregado no rastreamento de Lawsonia intracellularis ante-mortem é a reação em cadeia da polimerase devido à sua alta especificidade (97%). A zootecnista Tânia Fernandes explica que o PCR tem alta sensibilidade e é eficiente mesmo em amostras altamente contaminadas, mas ressalta que “pode gerar resultados falsos positivos, além de amplificar o DNA de microrganismos mortos, o que faz com que, algumas vezes, seja preciso desconfiar do seu resultado”. Atualmente o emprego da técnica de Reação em Cadeia de Polimerase Quantitativa (qPCR) vem sendo amplamente utilizada, uma vez que pode ser utilizada para avaliar a presença da L. intracellularis de forma subclínica e correlacionar com a excreção do agente pelo animal.
Entre as técnicas histológicas que podem ser utilizadas no diagnóstico post-mortem, a imuno-histoquímica apresenta maior especificidade para a detecção da bactéria e, portanto, é a mais empregada. Às vezes, a presença de lesões teciduais macroscópicas pode indicar histórico de ileíte suína, mas a confirmação da infecção depende do resultado do exame histopatológico.
Prevenção e tratamento da ileíte suína
Países da América Latina com produção expressiva de carne suína têm alta incidência de infecção por Lawsonia intracellularis. No México, a enteropatia proliferativa é a doença mais relatada nas fases de recria e terminação, tanto na forma aguda quanto na forma crônica. Do mesmo modo, no Brasil a L. intracellularis é o agente que mais causa diarreia em suínos na fase de crescimento / terminação.
Isso resulta em impactos econômicos significativos, já que os sintomas associados à enteropatia culminam na redução no desempenho dos animais. Por isso, as formas de prevenção e tratamento que consistem em vacinação e injeção intramuscular de antimicrobianos, respectivamente, devem ser encorajadas e supervisionadas pelo médico veterinário responsável pelo lote.
* Tânia Fernandes é técnica em Agropecuária pela Universidade Federal de Viçosa e possui graduação em Zootecnia pelo Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG). É especialista em Produção de Suínos pela Faculdade Unyleya e mestranda em Zootecnia com ênfase no Melhoramento Animal pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.