Pecuária

Pré-dipping, pós-dipping e outros cuidados para garantir a higiene na ordenha

3 janeiro 2022

Cuidados com a higiene na ordenha, como o pré-dipping e pós-dipping, são fundamentais para prevenir mastite em vacas e prejuízos financeiros

Os cuidados com a higiene na ordenha são essenciais para prevenir casos de mastite, doença de maior prevalência no rebanho leiteiro e que provoca perdas econômicas significativas no setor. Isso porque a mastite em vacas é caracterizada por um quadro de inflamação da glândula mamária que está associado à redução da produção leiteira e às alterações no padrão nutricional do produto. Como as falhas de higiene na ordenha podem causar proliferação bacteriana nos tetos, desencadeando um quadro de mastite, cuidados como pré-dipping e pós-dipping são indispensáveis para prevenir a doença, a perda de produtividade animal e gastos atrelados ao tratamento de mastite bovina.

A seguir, você vai descobrir quais são e como realizar esses e outros cuidados com a higiene na ordenha, além de entender como a mastite pode alterar o produto final. Para isso, conversamos com a médica-veterinária Andrea Rentz, que é especialista na área de Qualidade do Leite, Mastite e Epidemiologia. Confira!

O que é pré-dipping? 

O pré-dipping é uma técnica que consiste na imersão dos tetos da vaca em soluções antissépticas para desinfecção bacteriana local antes da ordenha. Recomenda-se um período de ação em média de 30 segundos, para então realizar a secagem completa.

Andrea Rentz explica que a não secagem dos tetos após o pré-dipping é um fator determinante para que haja a proliferação de bactérias. “É importante deixar o úbere bem seco. Em um ambiente úmido, os microrganismos têm as condições propícias para se difundirem e conseguirem penetrar na glândula mamária, causando mastite”, afirma.

Pós-dipping é eficaz na prevenção de mastite contagiosa

O pós-dipping é a desinfecção dos tetos após a ordenha com submersão completa do úbere em solução antisséptica. Esse procedimento, que dura entre 5 a 10 segundos, tem a função de impedir que bactérias possam atingir as glândulas mamárias, já que após a ordenha, o esfíncter do teto está aberto e suscetível à entrada de bactérias. Principalmente porque durante a retirada do leite pode haver transmissão bacteriana através das mãos do ordenhador ou de utensílios, o que confere um fator de risco para mastite contagiosa no rebanho leiteiro.

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Outros cuidados na ordenha para prevenir contaminações por bactérias

Além do pré-dipping e do pós-dipping, outras práticas de higiene que são úteis para prevenir casos de mastite e a contaminação do leite por bactérias incluem:

  • Estabelecer o cuidado com a higiene pessoal do ordenhador: roupas, mãos e utensílios devem ser desinfetados adequadamente;
  • Optar por filtros de coagem do leite inoxidáveis, coadores de pano favorecem o crescimento de microrganismos;
  • Manter o ambiente da ordenha limpo, iluminado, ventilado e com bom escoamento de água;
  • Evitar que outros animais estejam no mesmo ambiente de ordenha;
  • Utilizar toalhas individuais para cada teto na secagem após o pré-dipping;
  • Evitar o uso de água durante a ordenha;
  • Capacitar a mão de obra frequentemente;
  • Analisar a qualidade da água utilizada na ordenhadeira.

Como a mastite pode alterar o rendimento e a qualidade do leite? 

De acordo com Andrea, a queda no rendimento produtivo e a perda de qualidade do leite, que são características de um quadro de mastite, estão associadas à perda funcional da glândula mamária. “Em qualquer resposta inflamatória, o último estágio vai ser a perda da função. Isso significa que as células produtoras de leite vão deixar de estar executando a sua função normal. O grande problema para a indústria e para o produtor é o menor volume de leite produzido, pois as células vão deixar de sintetizar a quantidade normal de proteína e de gordura”, esclarece a especialista.

Portanto, para evitar prejuízos no rendimento da ordenha causados pela mastite bovina é necessário colocar em prática os cuidados com a higiene durante todo o processo de manejo do rebanho. Alguns sinais de mastite clínica que podem ajudar a identificar casos de vacas doentes incluem úberes inflamados e leite com pus, grumos ou sangue, e essas alterações no padrão do leite podem ser observadas através do teste da caneca de fundo preto. Esse teste deve ser realizado em todos os animais durante as ordenhas com a função de auxiliar no estímulo dos animais, facilitando a descida do leite. 

* Andrea Rentz (CRMV MG 7712) é graduada em Medicina Veterinária e possui mestrado e doutorado em Microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP).

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