Como evitar o complexo de doença respiratória dos bovinos em animais confinados
24 março 2022
A criação de gado em confinamento é muito utilizada na pecuária, especialmente na fase de terminação, onde os animais ficam instalados em currais ou piquetes de engorda. Nesses sistemas, é comum que hajam animais afetados pelo complexo de doença respiratória dos bovinos (DRB), que engloba um conjunto de doenças infecciosas no trato respiratório. Segundo um artigo publicado no Scientifics Reports, essas enfermidades têm sido relacionadas a aproximadamente 60-90% da morbidade e mortalidade que ocorrem no confinamento. As perdas de produtividade e prejuízos ao bem-estar animal também são inevitáveis e, diante disso, é preciso entender as formas de controlar e evitar esse problema.
Fatores de risco para doenças respiratórias em bovinos incluem desmame e mistura de animais de diferentes origens
De acordo com um artigo publicado no Veterinary Research, a patogênese das doenças respiratórias em bovinos se dá a partir da interação de bactérias e vírus sob a influência de agentes estressores, como desmame, transporte, mudanças ambientais e dietéticas. Além disso, a publicação aponta que bezerros recém-confinados estão ainda mais suscetíveis a desenvolver problemas respiratórios, especialmente se tiverem sido desmamados pouco antes de serem transferidos para o confinamento.
A mistura de animais de diferentes origens e o tempo de duração da viagem para o confinamento também influenciam na ocorrência de problemas respiratórios, como demonstrou um estudo publicado na Preventive Veterinary Medicine. Os bovinos transportados por mais de seis horas apresentaram maior risco de DRB, em comparação com os que percorreram trajetos mais curtos. Do mesmo modo, a criação de gado confinado com quatro ou mais grupos distintos demonstrou aumentar a predisposição para esse problema.
Pecuária
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Manejo focado no bem-estar animal em bovinos de corte reduz a suscetibilidade do complexo de doença respiratória dos bovinos
Para evitar que o confinamento de gado de corte esteja suscetível ao complexo de doença respiratória dos bovinos, é preciso adotar um manejo que priorize a manutenção do bem-estar animal em bovinos de corte. Isso inclui a elaboração de um programa vacinal adequado em bovinos sadios contra as principais doenças respiratórias, como rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), Diarreia Viral Bovina (BVD), Parainfluenza Bovina tipo 3 (PI3) e o Vírus Sincicial Respiratório Bovino. Também deve haver um controle dos fatores de risco, pois eles elevam o nível de cortisol plasmático e predispõem o organismo do animal à imunodeficiência.
Uma outra forma de prevenir a ocorrência de doenças respiratórias em animais confinados é por meio de exames histopatológicos de amostras de pulmões coletadas em abatedouros. Isso permite a detecção dos patógenos não só em animais já diagnosticados, mas também em bovinos com a forma subclínica da doença, o que possibilita monitorar os agentes infecciosos presentes no confinamento e escolher medidas de controle estratégicas.
Protocolos metafiláticos diminuem a morbidade associada às doenças respiratórias em bovinos
Em casos de infecções, a morbidade e as lesões pulmonares associadas às doenças respiratórias em bovinos podem ser reduzidas por meio de protocolos metafiláticos, como demonstrou uma pesquisa publicada no periódico científico Ciência Rural. O uso de tildipirosina em bovinos que apresentavam risco elevado para desenvolvimento de DBR (haviam sido transportados por mais de 8 horas, por exemplo) se mostrou eficaz. Esse fármaco tem potencial de ação contra Mannheimia haemolitica, Pasteurella multocida e Histophilus somni, importantes agentes patogênicos que afetam o trato respiratório de gado em confinamento.
Em síntese, adotar medidas de prevenção e metafilaxia contra infecções que atingem o trato respiratório dos bovinos é fundamental para evitar os impactos econômicos associados. Como a criação de gado confinado pressupõe dimensões de espaço limitadas, além da vacinação animal, é preciso investir em medidas para ajudar a fortalecer a imunidade na fazenda. Dessa forma, pode-se obter os benefícios desse sistema sem prejudicar o bem-estar animal e, consequentemente, a produtividade.