Pecuária

Os impactos econômicos da rinotraqueíte infecciosa bovina na criação de gado

17 fevereiro 2022

Vacina contra rinotraqueíte infecciosa bovina previne os impactos econômicos na criação de gado, como a queda de eficiência reprodutiva

Uma das doenças mais incidentes na criação de gado é a rinotraqueíte infecciosa bovina, causada pelo herpesvírus bovino tipo 1 (BoHv-1). Estudos apontam que países com bovinocultura em larga escala, como o Brasil e o México, têm estatísticas expressivas de cabeças de gado infectadas. No Brasil, estima-se uma média de 57 a 133 milhões de animais soropositivos e, no México, uma prevalência de contaminação em 58,70% dos bovinos criados em fazendas.

Mas, afinal, como a rinotraqueíte infecciosa bovina impacta economicamente a criação de gado? Para entender melhor o assunto, conversamos com a professora Viviani Gomes da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Entenda como a doença afeta os bovinos e, consequentemente, a economia do setor.

Rinotraqueíte infecciosa bovina compromete a função reprodutiva dos animais e traz prejuízos para a criação de gado 

O vírus BoHv-1 ataca preferencialmente as células epiteliais das mucosas respiratórias, conjuntivas e genitais, causando sinais clínicos que podem incluir secreção mucopurulenta, conjuntivite, infecção genital com o aparecimento de pústulas, broncopneumonia decorrente de infecções bacterianas e dispneia.

Além disso, o vírus pode atacar o trato reprodutivo e evoluir para o abortamento. Viviani Gomes explica que isso se deve ao fato de os herpesvírus entrarem predominantemente na corrente sanguínea dos animais, alcançando o trato reprodutivo das fêmeas e dos fetos. “Até 25% das matrizes prenhas podem abortar, principalmente entre o 5º e 8º mês de gestação. O risco de abortamentos em rebanhos positivos aumenta em 7 vezes, comparado com rebanhos negativos”, complementa a especialista.

Uma vez que a infecção atinge o sistema reprodutivo dos animais, outros impactos negativos podem ser observados, como a redução da produção leiteira. A especialista Viviani associa esse contexto a impactos econômicos significativos: “Animais contaminados por Herpesvírus apresentam perda de 2,6 kg de leite ao dia quando comparado com animais soronegativos. Fêmeas soropositivas apresentam redução de 9,2 kg de leite no curso de 14 dias após a primo-infecção, quando comparada com animais e soronegativos. Os teores de gordura e proteína do leite também estão reduzidos em animais infectados pelo BoHV-1”.

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Formas de controle e prevenção da rinotraqueíte infecciosa bovina

A fim de evitar a propagação da rinotraqueíte infecciosa bovina nos rebanhos e seus consequentes prejuízos econômicos, faz-se necessária a adoção de medidas de prevenção. Viviani Gomes afirma que “um programa de controle deve contemplar três pilares principais: detecção da infecção em nível de rebanho e indivíduos; implementação de um programa de vacinação; e a adoção de práticas de biosseguridade”.

Em relação à vacinação do rebanho, os imunizantes inativados previnem o desenvolvimento de sinais clínicos da rinotraqueíte infecciosa bovina, reduzem a liberação da carga viral e podem induzir uma resposta sistêmica consistente. Essa é uma alternativa mais economicamente viável do que outras estratégias de controle, como a eliminação de animais doentes.

* Viviani Gomes (CRMV SP – 13811) é graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Paulista (UNIP). Possui mestrado e doutorado em Clínica Veterinária, ambos pela Universidade de São Paulo (USP), com ênfase em Buiatria.

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