Aquicultura

Métodos de identificação para diferentes tipos de Streptococcus

20 maio 2022

A identificação das diferentes espécies da bactéria Streptococcus é fundamental para a prevenção e o tratamento de doenças infecciosas em peixes

O gênero de bactérias Streptococcus, pertencente à família Streptococcaceae, abrange uma ampla variedade de espécies patogênicas aos animais. As enfermidades infecciosas associadas à bactéria são um dos principais desafios enfrentados pela aquicultura, a qual consiste no cultivo de organismos aquáticos, como peixes e outras fontes de proteínas de origem animal para o consumo humano. Para combater o entrave sanitário e escolher o programa de vacinação adequado para os diferentes patógenos, é fundamental realizar adequadamente o diagnóstico laboratorial e a identificação de Streptococcus por meio de técnicas moleculares e de microbiologia.

O médico-veterinário e mestre em Ciência Animal Rodrigo Zanolo chama a atenção para a importância do diagnóstico adequado para a prevenção e o tratamento da doença infecciosa em peixes e esclarece detalhes sobre como identificar o Streptococcus responsável. Confira a seguir.

Estreptococose em tilápias: Streptococcus agalactiae e Streptococcus iniae são as principais espécies associadas a surtos infecciosos na tilapicultura

A tilápia do Nilo apresenta características zootécnicas propícias para o cultivo comercial. No entanto, a ocorrência de surtos de doenças infecciosas, como a estreptococose, causada por bactérias do gênero Streptococcus, pode prejudicar o desenvolvimento da tilapicultura no Brasil e em outros países.

“As estreptococoses em tilápias podem ser causadas por 4 diferentes patógenos, sendo eles: Streptococcus agalactiae sorotipo Ib; S. agalactiae sorotipo III; S. agalactiae sorotipo Ia e Streptococcus iniae, explica Rodrigo Zanolo. “Todos estes patógenos podem trazer quadros clínicos de estreptococoses, sejam agudos ou crônicos. A distribuição e importância de cada um destes patógenos dependerá de país para país, região para região e também dentro das diferentes épocas do ano. As diferentes regiões produtoras de Tilapias em um determinado país podem ser positivas para todos estes patógenos juntos, ou, por exemplo, para apenas parte deles. Este cenário epidemiológico pode variar entre os diferentes países e regiões”, orienta o especialista.

Diferenciar as infecções em peixes com base nos sinais clínicos é um obstáculo. O médico-veterinário explica que, de forma geral, “a sintomatologia e a forma de atuação destes diferentes patógenos causadores da estreptococose são muito semelhantes entre si, sendo as formas de prevenção e controle também muito semelhantes”.

“Por esse motivo, o diagnóstico em um laboratório de referência é determinante para saber qual dos patógenos está presente dentro de uma fazenda de produção de tilápias”, instrui o profissional.

Métodos de diagnóstico e identificação de Streptococcus: técnicas de microbiologia e de biologia molecular são as mais utilizadas

De acordo com o médico-veterinário, “o diagnóstico para estes patógenos [causadores da estreptococose] deve ser realizado em laboratórios de referência e que tenham experiência com organismos aquáticos”. O especialista aponta que a identificação de Streptococcus pode ser feita por meio de “técnicas de microbiologia ou por técnicas de biologia molecular, como PCR”. 

É importante determinar quais os meios de classificação de Streptococcus adotar, para que, a partir desta identificação, seja possível definir a estratégia de prevenção mais adequada. Ainda que a vacinação seja o método mais indicado para a prevenção de todas as patologias, os sorotipos exigem vacinas específicas. “A importância da realização destes diagnósticos diferenciais entre os diferentes sorotipos e diferentes patógenos relaciona-se, principalmente, com a decisão e escolha do melhor programa de vacinação, uma vez que as vacinas são específicas para cada um dos patógenos e não existe imunidade cruzada entre eles. O melhor resultado de vacinação será alcançado através da escolha da vacina correta para os sorotipos e patógenos corretos”, alerta Rodrigo Zanolo.

Em síntese, a identificação de Streptococcus por meio de técnicas de microbiologia e de biologia molecular, como o PCR, é essencial para definir a vacina mais adequada para cada sorotipo e espécie desse gênero de bactéria. Também é importante saber como os peixes podem pegar a doença, assim, a prevenção pode se estender às práticas de biosseguridade na piscicultura.

* Rodrigo Zanolo (CRMV: 2908) é médico-veterinário e mestre em Ciência Animal pela Universidade Estadual de Londrina. Tem mais de 15 anos de experiência na área de Sanidade Aquícola e é Gerente de Mercado de Aquicultura na MSD Saúde Animal.

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