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O que é babesiose canina e como pode ser evitada?

A babesiose canina é uma doença transmitida por carrapatos de distribuição mundial e de grande importância na América Latina. Tradicionalmente, duas espécies diferentes eram relatadas como agentes etiológicos: Babesia canis e Babesia gibsoni. Estes foram definidos na análise citológica de acordo com a morfologia e tamanho como Babesia canis para grandes formas parasitárias, com um tamanho de 5 x 2,5 µm e Babesia gibsoni para as pequenas (2 x 1,5 µm). Com o advento das técnicas moleculares, três subespécies de B. canis foram identificadas: B. canis vogeli, B. canis rossi e B. canis canis.Estes protozoários parasitam os glóbulos vermelhos do hospedeiro causando várias manifestações clínicas, dependendo do agente envolvido e das condições do animal. A distribuição geográfica das diferentes espécies de Babesia está diretamente relacionada com a distribuição de seus vetores: carrapatos.

Distribuição de babesiose canina e suas manifestações na clínica

Para a subespécie B. canis em caninos, o vetor primário de B. vogeli é o carrapato marrom do cão (Rhipicephalus sanguineus), Dermacentor reticulatus é o vetor de B. canis e Haemaphysalis elliptica é o vetor de B. rossi. Dentro destas, a subespécie mais difundida na América Latina é B. vogeli devido à prevalência do vetor R. sanguineus, que está presente em regiões tropicais e subtropicais, mas também em regiões mais temperadas, como Argentina e Chile. Os outros vetores não foram relatados na região e, consequentemente, a prevalência das outras subespécies que produzem babesiose canina não foi relatada.

Os sinais clínicos dependerão das condições do hospedeiro, por exemplo, do estado imunológico e da subespécie de Babesia envolvida. Por este motivo, o tratamento preventivo para controle vetorial deve levar em conta condições especiais como animais idosos, gestantes e lactantes. Para

B. canis vogeli, a virulência é descrita como moderada a grave e as principais manifestações clínicas incluem febre, anorexia, letargia e desidratação. Como consequência da localização intracelular do parasita em eritrócitos, a destruição dos eritrócitos ocorrerá causando anemia, icterícia, bilirrubinemia e bilirrubinúria. Também podem ocorrer trombocitopenia e neutropenia.

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O ciclo de vida de Babesia spp. e como evitá-lo

O ciclo sexual de Babesia spp. ocorre no hospedeiro definitivo (R. sanguineus) e a transmissão para o cão ocorre quando o carrapato inocula formas infecciosas, regurgitado de suas glândulas salivares, na corrente sanguínea do paciente canino (hospedeiro intermediário). Estes hemoparasitas se replicam assexualmente dentro dos glóbulos vermelhos, produzindo estruturas chamadas merozoítos, fazendo com que os glóbulos vermelhos se rompam e liberando merozoítos que invadem novos glóbulos vermelhos. Estas estruturas, quando ingeridas por um carrapato que se alimenta do hospedeiro, alojam-se no ovário, penetram nos ovos e são transmitidas à próxima geração de carrapatos (passagem transovarial). Nesses carrapatos infectados, quando ocorre a muda de larva para ninfa, os parasitas entram nas glândulas salivares permitindo que o ciclo de vida da Babesia seja completado, já que as formas de parasitas infectantes estão disponíveis na saliva do vetor. Deve-se observar que a transmissão do carrapato para o cão pode ocorrer até 48 horas após a fixação do carrapato ao hospedeiro.

As características e condições do parasita significam que a única maneira de prevenir a babesiose canina é controlar os carrapatos no animal. Isto se refere a evitar a fixação de R. sanguineus no animal, bem como a necessidade de cortar o ciclo de vida do ectoparasita. O período de incubação de Babesia spp. é de 10 a 28 dias, portanto a manifestação clínica ocorre após o vetor ter se alimentado e até mesmo separado do canino. O R. sanguineus tem um ciclo de vida de três fases, onde em cada fase ativa de seu ciclo (larva, ninfa e adulto) ele alimenta e parasita o cão, e depois cai de volta no ambiente para continuar seu ciclo. Os períodos que ocorrem no ambiente, como a oviposição e a muda (larva-ninfa e ninfa-adulto) são longos e variam de acordo com as condições ambientais. Um ciclo de vida completo, sob condições favoráveis (temperaturas acima de 18 °C) pode ocorrer em 63 dias. Entretanto, tem sido relatado que carrapatos adultos têm sido capazes de permanecer no ambiente sem se alimentar por 18 meses. Para evitar períodos de falta de proteção do paciente canino, deve ser administrado um programa preventivo de desparasitação externa, atuando em adultos e estágios imaturos, com efeito ambiental e com o máximo tempo de eficácia possível (número máximo de semanas de proteção). Através desta estratégia de prevenção, o tratamento curativo não será necessário, mas o risco de babesiose e outras doenças transmitidas por vetores que afetam diretamente a saúde de nossos pacientes é reduzido.

Bibliografía:

  • Taylor, M.A., Coop, R.L. & Wall, R.L. (2016). Veterinary Parasitology. (4th ed.). Wiley-Blackwell.
  • Panti-May, J.A., Rodríguez-Vivas, R.I. (2020). Canine babesiosis: A literature review of prevalence, distribution, and diagnosis in Latin America and the Caribbean. Veterinary Parasitology: Regional Studies and Reports. Volume 21, 100417, ISSN 2405-9390, https://doi.org/10.1016/j.vprsr.2020.100417.

Birkenheuer, A.J., Buch J., Beall, M.J., Braff, J., Chandrashekar R. Global distribution of canine Babesia species identified by a commercial diagnostic laboratory. Veterinary Parasitology: Regional Studies and Reports. Volume 22, 2020, 100471, ISSN 2405-9390, https://doi.org/10.1016/j.vprsr.2020.100471.

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