Leucemia felina: as alterações hematológicas em gatos diagnosticados com Felv
17 agosto 2022
Dentre as doenças hematológicas que acometem gatos domésticos, a FeLV, ou leucemia felina, é a mais recorrente. Essa classificação se refere às enfermidades que afetam a quantidade e funcionalidade dos componentes do sangue, como glóbulos vermelhos, brancos, plaquetas e proteínas. Tais elementos sanguíneos são parte do sistema imunológico, e é por eles estarem comprometidos que a doença se manifesta de forma imunossupressora. O diagnóstico da leucemia felina pode vir acompanhado de alterações hematológicas – é comum que veterinários atendam gatos com anemia e FeLV, por exemplo – e por isso, é importante entender mais sobre o assunto.
Doenças hematológicas estão entre os principais sintomas da FeLV
O vírus da FeLV é um dos principais agentes infecciosos dos gatos, não apenas por ser comum, mas também por desencadear o maior número de síndromes clínicas. Os sintomas da FeLV podem ser classificados como: imunossupressão, doenças hematológicas, doenças imunomediadas, neoplasias e outras síndromes (como neuropatias e desordens reprodutivas).
Dentre as doenças hematológicas, a anemia é a mais comum em gatos diagnosticados com leucemia felina. ”Existem várias alterações hematológicas que podem ocorrer em gatos infectados com FeLV, e isso depende das células afetadas na medula óssea. Podemos encontrar uma ou várias das seguintes alterações: anemia não regenerativa, linfopenia, neutropenia ou até neoplasias hematopoiéticas, como leucemia, assim como trombocitopenia ou mesmo trombocitose transitória”, cita o médico-veterinário Alejandro Sanchez.
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Leucemia felina não tem cura, mas a anemia em gatos deve ser tratada
O retrovírus causador da leucemia felina é classificado em subgrupos e, segundo Sanchez, foi descoberto que o subgrupo C é a causa da anemia em gatos infectados. ”A anemia mais comumente encontrada, em mais da metade dos casos, é a anemia não regenerativa, que é efeito direto da presença e replicação do vírus na medula óssea, pois afeta tanto as células hematopoiéticas quanto as do estroma, impedindo o funcionamento normal da hematopoiese. Mas é possível encontrar aplasia eritrocítica, anemia aplástica, bem como algumas anemias regenerativas que respondem por 10% das anemias e que incluem as anemias hemolítica (associada à infecção por hemoplasma), hemolítica imunomediada e secundária à trombocitopenia”, explica o especialista em Diagnóstico Veterinário.
Ainda não foi encontrada a cura para a FeLV, portanto, o tratamento é focado nos sintomas associados. “Até o momento não existe tratamento curativo e como a doença pode apresentar múltiplos sinais agrupados em neoplasias, imunossupressão e anemia, é necessário tratar os sintomas assim que os sinais forem observados. Em geral, a transfusão de sangue será uma parte importante do tratamento. Os corticosteróides podem ser usados nas anemias imunomediadas, aplasia eritrocitária e na anemia por coinfecção hemoplasmática. Nesta última, deve ser usada a doxiciclina”, afirma Sanchez.
Vacina contra FeLV é a única forma eficaz de prevenção
Por ser uma doença sem cura, o médico-veterinário deve enfatizar ao tutor desde a primeira consulta a importância de prevenir a leucemia felina. A única forma verdadeiramente eficaz de prevenção é a vacinação. A vacina contra FeLV deve ser aplicada todo ano em todos filhotes e, no caso dos adultos, em gatos com exposição à leucemia felina de acordo com o seu estilo de vida. Lembre-se que há gatos que, embora conhecidos como “indoors”, na verdade não o são, já que vivem em ambientes que fazem a adoção de gatos sem quarentena prévia.
A FeLV felina e suas complicações, como as doenças hematológicas que a podem acompanhar, são recorrentes na clínica de gatos. É interessante que o médico-veterinário informe o tutor sobre a ampla gama de sintomas que os gatos afetados podem apresentar e que, apesar do nome, nem sempre resultará em leucemia.
* Alejandro Sanchez é médico-veterinário formado em Zootecnia pela Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM). É especialista em Patologia Anatômica e cursa mestrado em Ciências da Saúde Animal na área de Imunologia pela UNAM. Conta com 28 anos de experiência na área de Veterinária de Pequenos Animais e é Gerente Técnico de Animais de Companhia na MSD Saúde Animal.