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Distocias em vacas: problemas associados ao parto

As distocias são uma causa importante de perda de animais na produção de gado bovino. Alguns estudos indicam que as distocias são responsáveis por 33 % das perdas de bezerros e a principal causa de mortalidade de bezerros nas primeiras 96 horas de vida. Por isso, é necessária uma intervenção rápida e precisa para garantir a saúde e o bem-estar dos animais.

Causas de distocia em vacas

Durante um parto eutócico, a vaca empurra o bezerro pelo canal de parto e dá à luz sem ajuda, e o parto consiste em 3 fases. O processo de parto geralmente dura de 2 a 6 horas.

Por outro lado, o parto distócico envolve dificuldade da vaca em expulsar o neonato pelo canal de parto. É um parto difícil e complicado que requer intervenção humana. Considera-se parto distócico aquele que se prolonga por mais de 6 horas, e a dificuldade pode ocorrer na fase 1 ou 2.

Existem várias causas possíveis de distocia em vacas, incluindo:

  • Desproporção materno/fetal: pode ocorrer devido a um feto grande ou a um canal de parto estreito. As vaquilhonas ou novilhas de primeiro parto têm maior risco de desenvolver esse problema. Por outro lado, bezerros com maior potencial de crescimento também apresentam maior peso ao nascer, o que pode predispor à distocia.
  • Anormalidades na posição, apresentação ou postura do feto: essas anormalidades podem dificultar a passagem pelo canal de parto. É fundamental detectá-las e corrigi-las quando possível. As mais frequentes são as apresentações posteriores e transversais.
  • Dilatação incompleta da cérvix: as possíveis causas da dilatação incompleta da cérvix podem incluir a fraqueza de seu tecido, sua inflamação ou infecção, contrações uterinas deficientes ou o posicionamento anormal do feto exercendo pressão desfavorável sobre o colo do útero.
  • Inércia uterina: nessa situação, o útero não se contrai o suficiente ou de maneira regular, o que causa estagnação do trabalho de parto e dificuldade para o bezerro sair. Pode ser causada por fatores como exaustão da vaca devido ao parto prolongado, deficiência de cálcio no sangue (hipocalcemia), problemas hormonais ou distúrbios na comunicação entre os nervos e músculos do útero.
  • Torsão uterina: é uma condição em que o útero da vaca gira sobre si mesmo. Esta situação pode ser extremamente grave e potencialmente fatal tanto para a vaca quanto para o bezerro em desenvolvimento. Quando ocorre a torção uterina, os vasos sanguíneos que fornecem sangue ao útero podem ficar comprimidos, causando redução do fluxo sanguíneo e da oxigenação do feto. Além disso, a torção uterina pode bloquear a passagem do bezerro pelo canal do parto. Este problema ocorre devido a um mal posicionamento do feto, movimentos bruscos da vaca durante o parto, fraqueza dos ligamentos que sustentam o útero ou contrações uterinas deficientes.
  • Parto gemelar.

O histórico reprodutivo da vaca e o exame físico detalhado podem fornecer pistas adicionais sobre a causa subjacente da distocia.

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Sinais de distocia em vacas

Os produtores não saberão o momento exato do parto de cada vaca, mas é importante estimulá-los a exercer uma observação cuidadosa dos animais e explicar-lhes as características gerais de um parto eutócico, para que possam identificar uma distocia iminente e chamar o veterinário a tempo.

Se alguma das fases, especialmente a de dilatação, se prolongar sem que o bezerro seja visível na vulva, isso pode indicar uma distocia. Se as membranas fetais começarem a sair e se romperem mas o bezerro não for expelido ou não se mover, é provável que também haja um problema associado ao parto. Também se deve estar atento a corrimentos vaginais anormais ou excessivos. Partos distócicos causam muita dor à vaca. Portanto, se ela apresentar sinais de desconforto intenso, inquietação ou agitação, recusar-se a deitar-se ou levantar-se repetidamente após deitar-se, pode ser um indício de que não está conseguindo expelir o feto adequadamente.

As distocias são uma causa importante de perda de animais na produção de gado bovino.

Manejo e prevenção da distocia em vacas.

O manejo das distocias em vacas deve ser baseado em uma abordagem sistemática para maximizar as chances de um resultado bem-sucedido. Algumas diretrizes gerais a serem consideradas são:

  1. Avaliação inicial: avaliar a condição geral da vaca e determinar a posição e o tamanho do bezerro, bem como o tamanho do canal de parto.
  2. Assistência externa: em casos de distocias leves ou moderadas, a assistência externa cuidadosa pode ser suficiente para resolver o problema. Utilizar lubrificantes e técnicas adequadas para facilitar o deslizamento do bezerro sem causar danos à mãe.
  3. Distocias graves: nesses casos, pode ser necessário recorrer a uma cesariana de emergência. É crucial possuir o equipamento adequado e realizar a cirurgia de maneira rápida e precisa para minimizar os riscos tanto para a vaca quanto para o bezerro.
  4. Monitoramento pós-operatório: após uma cesariana ou qualquer outra intervenção para resolver uma distocia, é essencial fornecer cuidados pós-operatórios adequados à vaca e ao bezerro. Monitorar seu estado de saúde, fornecer analgesia e administrar terapia de fluidos, se necessário. Recomenda-se o uso de anti-inflamatórios não esteroides, alfa-2-agonistas como a xilazina e/ou anestesia local como procaína ou lidocaína.

A distocia em vacas pode colocar em risco a vida da vaca e do bezerro. Se o parto se prolongar demais, tanto a vaca quanto o bezerro podem sofrer lesões internas ou até mesmo morrer.

Todo isso implica em um grande impacto econômico sobre os estabelecimentos produtivos somado aos custos associados aos procedimentos envolvidos e à diminuição da eficiência reprodutiva dos animais.

Portanto, torna-se importante realizar a prevenção da distocia em vacas visando reduzir os riscos e evitar complicações. Algumas medidas que podem ser adotadas incluem:

  • Manejo da reprodução

a) Exame reprodutivo pré-serviço.

b) Seleção de touros adequados.

c) Monitoramento do desenvolvimento fetal.

  • Nutrição e manejo do peso corporal

a) Planejamento alimentar.

b) Controle do peso corporal.

  • Manejo do parto e assistência ao nascimento

a) Monitoramento próximo do trabalho de parto.

b) Assistência precoce.

c) Treinamento e atualização.

  • Registro e análise dos dados do estabelecimento.

Referências:

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