As infecções transmitidas por alimentos representam um risco significativo para a segurança alimentar e, portanto, para a saúde pública em todo o mundo. A maioria dos organismos conhecidos por desempenharem um papel nas doenças transmitidas por alimentos é de origem zoonótica.
Foi confirmado que as bactérias não são os únicos agentes responsáveis pelas doenças transmitidas por alimentos (FBDs) em todo o mundo. Vírus, parasitas e protozoários também foram identificados como associados a essas patologias.
Os alimentos de origem animal, carnes, laticínios e ovos, são as principais fontes de exposição a agentes biológicos ou suas toxinas para os seres humanos. Entretanto, alguns vegetais também podem ser uma fonte de exposição a esses agentes.
Principais patógenos envolvidos em zoonoses de origem alimentar
– Bactérias: Salmonella, Campylobacter, E. coli, Listeria monocytogenes, Yersinia enterocolítica,
– Toxinas bacterianas: Toxinas de Staphylococcus aureus C. perfringens, C. botulinum, Bacillus cereus
– Helmintos chatos: Taenia spp, (E. granulosus, C. cerebralis) – Helmintos redondos: Anisakidos, Trichinella spp.
– Protozoários: Sarcocystis, Toxoplasma gondii, Giardia, e Cryptosporidium parvum,
– Vírus: Calicivírus (norovírus), rotavírus, vírus da hepatite A, vírus da hepatite E.
Epidemiologia
A epidemiologia das doenças transmitidas por alimentos passou por mudanças significativas nos últimos dez anos. Essas mudanças também ocorreram nas cadeias de produção e distribuição de alimentos e variam de região para região do mundo.
A distribuição, a incidência e a prevalência de todas as doenças zoonóticas não são as mesmas na União Europeia ou nos Estados Unidos e nos países em desenvolvimento. Nesses últimos, os indicadores são mais altos.
Para entender a epidemiologia das DTAs zoonóticas, é necessário considerar que o aumento do número de viagens internacionais e os métodos atuais de fabricação e distribuição desempenham um papel importante na ocorrência de infecções zoonóticas.
Os alimentos são fabricados ou processados em um local e distribuídos entre países, regiões econômicas e continentes ou até mesmo globalmente. É por isso que os eventos que ocorrem em uma nação hoje podem afetar muitos outros países. Os surtos podem ocorrer longe da fonte de contaminação.
![](https://www.universodasaudeanimal.com.br/wp-content/uploads/sites/57/2023/07/shutterstock_467823860-scaled.jpg?w=1024)
As infecções transmitidas por alimentos representam um risco significativo para a segurança alimentar.
Prevenção e controle
- Entender como os patógenos entram na cadeia alimentar, persistem nos reservatórios animais e se espalham é uma etapa crucial das estratégias de prevenção e controle das DTAs. Os métodos de prevenção e controle variam de acordo com cada patógeno, mas há várias práticas eficazes para reduzir o risco nos níveis comunitário e pessoal:
- Diretrizes seguras e adequadas para a criação de animais no setor agrícola ajudam a reduzir possíveis surtos de DATs.
- As normas de gestão de água potável e de resíduos, bem como a proteção das águas superficiais no ambiente natural, também são relevantes e eficazes.
- As campanhas educativas que promovem as Boas Práticas de Manuseio em casa, como a lavagem das mãos após o contato com animais ou produtos de origem animal e outras mudanças de comportamento, podem reduzir a disseminação comunitária de doenças zoonóticas quando elas ocorrem.
- A aplicação dos princípios de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HCCP) e outros protocolos para garantir a segurança dos alimentos em todo o processo de produção, desde o abate/colheita até o consumo em massa.
Um dos fatores complicadores no controle e na prevenção de zoonoses é a resistência antimicrobiana. O uso irracional de antibióticos em animais de produção é generalizado e aumenta o potencial de cepas patogênicas resistentes a medicamentos capazes de se disseminar rapidamente nas populações animais e humanas.
A vigilância epidemiológica faz parte da prevenção e do controle das DTAs. Por meio da detecção precoce, o ônus da doença devido a alimentos contaminados é reduzido. Há diferentes tipos de sistemas de vigilância:
- vigilância baseada em eventos,
- vigilância baseada em indicadores e
- vigilância integrada da cadeia alimentar.
O objetivo desses sistemas é medir o impacto geral das infecções, identificar tendências na incidência e detectar surtos rapidamente, inclusive em nível transnacional. Cada país deve determinar a estrutura mais adequada para seu sistema de vigilância de DTAs com base em seus recursos disponíveis.
Manter-se informado é fundamental para a prevenção. Saiba mais sobre doenças zoonóticas clicando aqui.
Referências:
- Engidaw A., Getachew G., and Meselu A. 2020. Ethiopia Review on Major Food-Borne Zoonotic Bacterial Pathogen School of Veterinary Medicine, Wollo University, Dessie. Hindawi Journal of Tropical Medicine Volume 2020, 19 pp.
- EFSA (European Food Safety Authority) and ECDC (European Centre for Disease Prevention and Control), 2017. The European Union summary report on trends and sources of zoonoses, zoonotic agents and food-borne outbreaks in 2016. EFSA Journal 2017;15(12):5077, 228 pp.
- EFSA and ECDC. 2021. The European Union One Health 2021 Zoonoses Report. EFSA Journal. 273 pp.
- IST Fisher. 1994. Europe’s journal on infectious disease surveillance, epidemiology, prevention and control. Funcionamiento de la red Enter-net en la vigilancia internacional.
- IST Fisher on behalf of the Enter-net participants. 1997. An international outbreak of Salmonella livingstone recognised by Enter/Salm-net. Eurosurveillance Weekly. Recuperado el 11 de marzo del 2023 de http://www.eurosurv.org.
- 4) Farrington C.P., Andrews N.J., Beale A.D., Catchpole M.A. 1996. A statistical algorithm for the early detection of outbreaks of infectious disease. J R Statist Soc A (); 159: Vol, 3(5), 547-63.
- OMSA. Newsletter mensual de la OMSA. Recuperado em 11 de março de 2023 de Triquinelosis – OMSA – Organización Mundial de Sanidad Animal (woah.org)
- EFSA. 2022. Monitoring of foodborne diseases. Recuperado em 11 de março de 2023 de Monitoring of foodborne diseases | EFSA (europa.eu)
- OMS. 2022. Teniasis y cisticercosis. Recuperado em 10 de março de 2023 de Teniasis y cisticercosis (who.int)
OMSA. Newsletter mensual de la OMSA. Recuperado em 10 de março de 2023 de Equinococosis o hidatidosis – OMSA – Organización Mundial de Sanidad Animal (woah.org)