Saúde Única

Doenças transmitidas por vetores e sua incidência

Cerca de 2.000 pessoas morrem todos os dias de doenças transmitidas por vetores (DTVs). De acordo com a OMS, “as doenças transmitidas por vetores são responsáveis por mais de 17% de todas as doenças infecciosas e causam mais de 700.000 mortes por ano.” Continue lendo para saber mais sobre a DTV e como combatê-la.

O que é uma DTV?

Uma DTV ocorre quando um agente infeccioso (parasita, bactéria ou vírus) é transportado por um organismo vivo (inseto sugador de sangue, caracol, etc.) de um portador infectado (animal ou humano) para um saudável, causando a doença.

As DTVs são de grande importância devido ao seu potencial zoonótico. Exemplos são a leishmaniose, a doença de Lyme, a rickettsiose, a encefalite do Nilo Ocidental, etc. Além disso, as DTVs têm efeitos negativos sobre a produtividade agrícola e a segurança alimentar, como a erliquiose, a febre do Vale do Rift e a peste suína africana.

Embora as doenças transmitidas por vetores não sejam novas, sua crescente incidência, emergência e reemergência em nível global são motivo de preocupação para a saúde pública.

Com base na estrutura do One Health, podemos entender que há muitos fatores que contribuem para o aumento dessas doenças. Alguns deles são: 

  • mudanças nos hábitos das pessoas, como viagens mais frequentes para turismo ou comércio internacional; 
  • mudanças nos ambientes naturais; 
  • mudanças climáticas que incentivam a distribuição de vetores para áreas anteriormente desconhecidas, por exemplo, o surto de malária (antes restrito à África, agora também nas Américas) ou mudanças na capacidade vetorial dos insetos1.

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O vírus que causa a encefalite do Nilo Ocidental, originário da África, era desconhecido nas Américas até o final da década de 1990. Em 1999, os primeiros casos foram registrados nos Estados Unidos e depois se espalharam pela América do Norte e Central.  Esse é um exemplo claro de uma mudança na distribuição de um vetor que gera uma DTV emergente, nesse caso devido ao mosquito Culex sp. 

Alguns dos DTVs presentes na América Latina, como a doença de Lyme, a Erlichiose e a Peste Suína Africana, que são transmitidas por carrapatos, e a Leishmaniose, transmitida por mosquitos hematófagos, aumentaram sua incidência na última década ou reapareceram em áreas onde foram erradicados, o que é conhecido como DTV reemergente.

Alguns dos DTVs presentes na América Latina, como a doença de Lyme, a Erlichiose e a Peste Suína Africana, que são transmitidas por carrapatos

As diretrizes gerais para a prevenção dessas DTVs são declaradas pela OMS: “A mudança de comportamento é um elemento crucial na redução da carga de doenças transmitidas por vetores.A OMS está trabalhando com parceiros para disseminar o conhecimento e melhorar a conscientização pública para que as pessoas saibam como se proteger e proteger suas comunidades de mosquitos, carrapatos, percevejos, moscas e outros vetores.”

Como profissionais da saúde, devemos entender primeiro para depois prevenir. É por isso que todos os profissionais veterinários devem estar cientes dos ciclos biológicos envolvidos no desenvolvimento de cada doença, de modo que possam tomar medidas para evitar sua disseminação.

Além disso, devem conhecer as doenças transmitidas por vetores na região para poder agir educando e alertando a população sobre sua existência e aplicando medidas adequadas para combatê-las. Em geral, as medidas visam a combater a proliferação, o contato e a viabilidade do próprio vetor, sejam eles mosquitos hematófagos (Aedes, Anopheles, Culex), pulgas, piolhos, carrapatos, triatomíneos, moscas tsé-tsé, flebotomíneos, entre outros.

Esse combate é realizado em diferentes áreas: 

  • Nos animais que podem ser suscetíveis a contrair a doença e naqueles que podem atuar como reservatórios. É importante usar antiparasitários externos que nos permitam controlar não apenas pulgas, piolhos e carrapatos, mas também produtos com efeitos repelentes e inseticidas que atuem sobre os dípteros hematófagos que podem atuar como vetores. 

É fundamental seguir as recomendações do fabricante, respeitando os prazos de uso e renovando a aplicação conforme indicado. No combate a alguns DTVs, há vacinas disponíveis para uso em áreas endêmicas, mas elas não substituem o uso de produtos repelentes.

  • Em pessoas por meio do uso de repelentes, redes, roupas de proteção. Vacinação em caso de viagem a áreas endêmicas, etc.
  • No meio ambiente, promovendo o saneamento da água, a eliminação de água estagnada e a manutenção de pastos curtos. Além disso, a matéria orgânica, como folhas secas, matéria fecal de animais e outros resíduos em quintais e jardins, deve ser removida, os depósitos de lixo devem ser limpos, fumigações devem ser realizadas em áreas de surto e mosquiteiros com malha de menos de 1,5 mm devem ser usados em casas e outras instalações onde os animais são alojados. 

Por outro lado, o cuidado com o meio ambiente deve ser incentivado. Isso é feito para evitar mudanças no clima que alterem a capacidade de distribuição e transmissão dos vetores ou que tenham um impacto negativo nas populações de predadores naturais da vida selvagem que fazem parte do ciclo de vida de alguns desses DTVs.

  • Aplicar medidas de manejo, como evitar passear com animais de estimação durante os horários de pico de atividade de dípteros hematófagos, acesso a água potável, etc.

Em todo caso, as medidas devem ser abordadas em todas as áreas, de forma integrada, com todos os agentes de saúde, governo e população trabalhando juntos para que o combate seja eficaz. Para saber mais sobre como prevenir e tratar doenças, clique aqui.

Referências:

1Carrington LB, Seifert SN, Armijos MV, Lambrechts L, Scott TW. Reduction of Aedes aegypti vector competence for dengue virus under large temperature fluctuations. Am J Trop Med Hyg. 2013 [acceso 18/03/2022];88(4):689-97. Disponible en: http://www.ncbi.nim.nih.gov>articles>PMC3617853

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