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Surtos de laringotraqueíte infecciosa aviária: como prevenir e controlar

A laringotraqueíte infecciosa aviária é causada por um vírus DNA de fita dupla de mesmo nome, anteriormente denominado Gallid herpesvírus 1, e abreviado como ILTV em inglês. Esta enfermidade tem alta incidência na indústria avícola, especialmente nas galinhas, alcançando taxas de morbidade de 100% e mortalidade de 70%. 

Os surtos da laringotraqueíte infecciosa aviária representam uma ameaça para a indústria avícola, especialmente do ponto de vista econômico. Esses surtos podem causar perdas milionárias, devido ao impacto negativo sobre o rendimento das aves, os altos custos de tratamentos, os embargos comerciais e a redução da produtividade na indústria, especialmente nas áreas de alta densidade de produção (1–3). 

A laringotraqueíte é altamente contagiosa e afeta o trato respiratório superior das aves. Sua gravidade pode aumentar quando há coinfecção com outros patógenos respiratórios ou por influência de fatores ambientais (2). Continue a leitura para saber mais sobre esta doença, seu quadro clínico, diagnóstico, transmissão, prevenção e tratamento.

Quadro clínico

A laringotraqueíte infecciosa caracteriza-se pela inflamação severa da traqueia e laringe. Pode causar: 

  • corrimento nasal-ocular, 
  • dispneia, 
  • hemoptise, 
  • redução na produção de ovos, 
  • letargia, 
  • depressão. (2,4,5).

Além disso, a enfermidade apresenta alta morbidade e mortalidade, que varia conforme o estado do animal e a gravidade da infecção. Em alguns casos, os animais também podem apresentar inflamação ulcerativa da faringe e do esôfago (4). O período de incubação varia entre seis e quatorze dias, e a duração da doença varia de onze dias a seis semanas, dependendo da gravidade (2).

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Diagnóstico

Um diagnóstico rápido e preciso é fundamental para que medidas corretivas adequadas sejam aplicadas ao lote (4). A reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-qPCR) (3) é atualmente a prova de detecção preferida nos mercados que contam com sua disponibilidade.  A histopatologia é outra ferramenta disponível; contudo, as lesões características geralmente são observadas de um a cinco dias depois da infecção (4).

Provas auxiliares, como a de anticorpos fluorescentes e a imuno-histoquímica (esta última para detectar o antígeno nas células, mesmo na ausência de lesões (4)), são alternativas válidas.

Transmissão

As aves infectadas e as aves portadoras do vírus em estado latente são as principais fontes de surtos da laringotraqueíte infecciosa, independentemente de terem sido vacinadas ou não (2). A transmissão da laringotraqueíte infecciosa ocorre horizontalmente por meio de aerossóis e fômites, expelidos durante um período de aproximadamente dez dias após a infecção (2,6). 

Além disso, há registros de transmissão indireta da doença através de pessoal contaminado, leitos, sacos de ração, penas e poeira(2). Portanto, é importante tomar medidas preventivas para controlar a propagação do vírus e minimizar os efeitos na produção avícola.

Os surtos da laringotraqueíte infecciosa aviária representam uma ameaça para a indústria avícola, especialmente do ponto de vista económico.

Prevenção e tratamento da doença

A prevenção da laringotraqueíte infecciosa baseia-se principalmente na administração de vacinas e na implementação de protocolos de biossegurança (5,7). Na avicultura, utilizam-se amplamente vacinas atenuadas vivas e vacinas recombinantes baseadas em vetores para prevenir a propagação do vírus e conferir imunização às aves comerciais. 

As vacinas atenuadas são administradas desde uma idade muito jovem, seguidas de doses de reforço posteriores. Todavia, o uso incorreto dessas vacinas favorece a recombinação viral entre diferentes cepas vacinais, o que por sua vez poderia propiciar o aparecimento de novas cepas mais virulentas. Isto pode limitar a eficácia das vacinas (6,8). 

Para enfrentar a alta plasticidade genômica do vírus, atualmente tenta-se reconstruir sua sequência genética em novas construções que facilitem sua manipulação e permitam o desenvolvimento de vacinas eficazes (1,6). Em particular, as vacinas baseadas em vetores virais recombinantes são consideradas uma alternativa muito mais segura, já que evitam que os vírus recuperem a virulência e melhoram o rendimento zootécnico, reduzindo a gravidade dos sinais clínicos (7). 

Com relação aos protocolos de biossegurança, é fundamental que sejam cumpridos pelo pessoal em contato direto com o lote e que se mantenham altos padrões de higiene. Isto ajudará a prevenir que o vírus entre nas granjas através do contato direto, ou indireto, através de calçados, roupas, materiais ou veículos (2). Para a descontaminação eficaz das superfícies, pode-se utilizar soluções de hidróxido de sódio a 1% ou misturas de detergentes halogenados (9).

Concluindo, a prevenção dos surtos de laringotraqueíte infecciosa aviária é fundamental para proteger a indústria avícola. Saiba mais sobre esta e outras enfermidades clicando aqui.

Referências:

1. Spatz S, García M, Fuchs W, Loncoman C, Volkening J, Ross T, et al. Reconstitution and Mutagenesis of Avian Infectious Laryngotracheitis Virus from Cosmid and Yeast Centromeric Plasmid Clones. J Virol. 2023;97(4):e0140622. 

2. Gowthaman V, Kumar S, Koul M, Dave U, Murthy TRGK, Munuswamy P, et al. Infectious laryngotracheitis: Etiology, epidemiology, pathobiology, and advances in diagnosis and control – a comprehensive review. Vet Q. 2022;40(1):140-61. 

3. Mo J, Angelichio M, Gow L, Leathers V, Jackwood MW. Quantitative real-time PCR assays for the concurrent diagnosis of infectious laryngotracheitis virus, Newcastle disease virus and avian metapneumovirus in poultry. J Vet Sci. 10;23(2):e21. 

4. Carnaccini S, Palmieri C, Stoute S, Crispo M, Shivaprasad HL. Infectious laryngotracheitis of chickens: Pathologic and immunohistochemistry findings. Vet Pathol. 2022;59(1):112-9. 

5. García M, Zavala G. Commercial Vaccines and Vaccination Strategies Against Infectious Laryngotracheitis: What We Have Learned and Knowledge Gaps That Remain. Avian Dis. 2019;63(2):325-34. 

6. Vaz PK, Armat M, Hartley CA, Devlin JM. Codon pair bias deoptimization of essential genes in infectious laryngotracheitis virus reduces protein expression. J Gen Virol. 2023;376(104):4-60. 

7. García M. Current and future vaccines and vaccination strategies against infectious laryngotracheitis (ILT) respiratory disease of poultry. Vet Microbiol. 2017;1(206):157-62. 

8. Fakhri O, Devlin JM, Browning GF, Coppo MJC, Quinteros JA, Diaz-Méndez A, et al. Superinfection and recombination of infectious laryngotracheitis virus vaccines in the natural host. Vaccine. 3;38(47):7508-16. 9. Laringotraqueitis Aviar: Qué es, signos clínicos e impacto económico. Avicultura.mx. Available from: https://www.aphis.usda.gov/aphis/newsroom/federal-register-posts/sa_by_date/sa-2023/eis-hpai-control.

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