Avicultura

Influenza aviária: como evitar a propagação da doença na avicultura industrial?

29 julho 2022

A influenza aviária, é uma doença de notificação obrigatória na avicultura industrial que causa enormes prejuízos econômicos na cadeia produtiva. Isso porque a enfermidade implica o bloqueio do comércio de carnes de aves e de produtos derivados para outros países, já que se trata de uma patologia com potencial de grande impacto econômico na avicultura industrial. Com isso, há uma grande preocupação no setor acerca das formas de prevenção e contenção da doença, uma vez que ela é detectada. Para entender mais sobre o assunto, conversamos com o médico-veterinário e mestre em Patologia Animal Fernando Vargas.

A propagação da influenza aviária pode ser evitada por meio de medidas de biosseguridade na avicultura

Fernando Vargas afirma que a implementação de medidas de biosseguridade estritas é uma das formas mais eficazes de se evitar a propagação da influenza aviária na avicultura industrial. O profissional destaca que é necessário: “O controle de pragas e do acesso de aves silvestres e outros animais à área das granjas, com o uso de cercas e telas. O acesso de pessoas às instalações também precisa ser controlado e deve ser restrito aos funcionários ou àquelas pessoas que têm necessidade absoluta de visitar as instalações”.

Fernando também menciona que visitas do exterior ou de áreas onde a enfermidade está presente devem ser proibidas. Se por alguma razão elas não puderem ser evitadas, ele indica que períodos de quarentena e vazio sanitário na avicultura devem ser adotados. “Outras medidas, como sanitização de veículos e equipamentos, registro de entrada e saída de pessoas e materiais também são recomendadas”, acrescenta o médico-veterinário. 

O Mestre em Patologia Animal também destaca que o grau e a velocidade da disseminação da gripe aviária estão diretamente ligados com a efetividade das medidas de controle. Sendo assim, seguir as medidas de controle recomendadas pelas autoridades internacionais e locais se torna fundamental para que a doença não se espalhe.

Eliminar as aves infectadas por influenza aviária é fundamental para conter a disseminação da enfermidade

Uma vez detectado o vírus da influenza aviária em um lote, as demais aves presentes deverão ser sacrificadas, pois o risco de propagação da doença para outras granjas é muito elevado. “Lotes confirmados como positivos devem ser sacrificados e as carcaças devem ser adequadamente descartadas dentro da propriedade (enterradas/ incineradas). Como essa é uma doença de notificação obrigatória, uma vez confirmada, a granja afetada será considerada como foco e controlada como tal, afetando também as propriedades próximas, explica o mestre em Patologia Animal”.

Esse potencial elevado de transmissão da influenza aviária ocorre porque o vírus se propaga de forma horizontal, por meio da inalação ou ingestão de partículas virais eliminadas por aves infectadas pelas secreções respiratórias e pelas fezes. Fernando Vargas acrescenta que roupas, materiais e equipamentos utilizados na avicultura também podem atuar como vetores mecânicos, e que surtos recentes demonstraram que o vento pode transportar o vírus de uma granja para outra.

Sintomas da influenza aviária variam em função da patogenicidade viral

De acordo com o médico-veterinário, os vírus de baixa patogenicidade produzem quadros clínicos menos severos nas aves. “Sintomas iniciais causados pelos vírus de baixa patogenicidade incluem sinais respiratórios, tais como espirros, secreção nasal, dificuldade respiratória, edema facial e outros”, exemplifica o especialista. Contudo, ele faz a ressalva de que esse quadro sintomático se assemelha aos de outras enfermidades respiratórias, como a bronquite infecciosa, a laringotraqueíte e a doença de Newcastle. 

Por outro lado, quando o agente causador da gripe aviária é de alta patogenicidade, o profissional destaca que pode haver mortalidade aguda com até 100% do lote afetado em poucos dias. “Dependendo da severidade, a mortalidade elevada pode ser o único sintoma, mas sinais agudos incluem lesões macroscópicas como cianose das cristas, barbelas e cabeça, entre outras”, complementa.

Em síntese, os sintomas de gripe aviária podem ser inespecíficos ou estarem ausentes, o que dificulta o diagnóstico precoce da doença e, consequentemente, a contenção dos impactos na economia da avicultura industrial e na saúde animal. Por isso, as medidas de biosseguridade necessárias para evitar a propagação da doença, que incluem um programa de desinfecção eficaz e o controle de pragas, também são fundamentais para prevenir a entrada do vírus nas granjas. Além disso, a aplicação de vacinas para galinhas saudáveis deve ser considerada em países que permitem essa prática, isso é importante para minimizar a ocorrência de novos surtos.

* Fernando Vargas é bacharel em Medicina Veterinária, especialista em Agronegócio e mestre em Patologia Veterinária pela Universidade Federal do Paraná. É Diretor Global de Avicultura pela MSD Saúde Animal.