Incidência das principais doenças respiratórias em aves

As doenças respiratórias em aves comerciais são uma importante causa de morbidade e mortalidade no setor avícola. Além de comprometer o bem-estar animal, esse tipo de doença afeta o desempenho dos animais, causando perdas econômicas globais irreparáveis. 

Apesar da disponibilidade de vacinas, os surtos das doenças mais prevalentes continuam ocorrendo em todo o mundo. Isso representa uma ameaça constante à segurança e à produtividade dos alimentos. 

Continue lendo para saber mais sobre a incidência de doenças respiratórias crônicas em aves e os possíveis métodos de controle e tratamento (1,2). 

Influenza aviária

A gripe aviária é causada pelo vírus da gripe A. Suas cepas podem ter maior ou menor potencial patogênico, dependendo da composição da superfície proteica da partícula viral. 

As cepas menos patogênicas da influenza A são as mais comuns e podem influenciar o desempenho animal. As mais patogênicas podem causar sintomatologia grave e generalizada em frangos, galinhas e perus, além de apresentar uma taxa de mortalidade próxima a 100 %. 

Há uma grande preocupação com a transmissão das cepas mais patogênicas, como a H5N1, para mamíferos e seres humanos. Por esse motivo, é importante tomar medidas de precaução e seguir protocolos de segurança rigorosos. 

O uso de vacinas direcionadas para controlar cepas específicas em nível regional é um método de prevenção além do abate. Há diferentes tipos de vacinas no mercado, incluindo vacinas inativadas e recombinantes.

Doença de Newcastle

As cepas do orthoavulavirus aviário 1 causam diferentes quadros clínicos da doença de Newcastle: 

• o assintomático; 
• o lentogênico, causando infecções respiratórias leves, especialmente em aves jovens; 
• o mesogênico, com infecções respiratórias com baixas taxas de mortalidade; 
• o velogênico viscerotrópico, que se manifesta com infecções agudas e letais com hemorragias intestinais; 
• o velogênio neurotrópico, que causa distúrbios respiratórios e neurológicos graves. 

Em geral, observa-se que os perus têm um prognóstico melhor do que as galinhas. A vacinação é recomendada em frangos de corte, poedeiras e reprodutoras no primeiro dia de idade. Dependendo do tipo de granja e do desafio da área, as vacinações subsequentes podem ser aplicadas por diferentes vias de aplicação. A vacinação é essencial para evitar as perdas econômicas devastadoras que a doença pode causar (1,3,7). 

Ornitobacteriose

A Ornithobacterium rhinotracheale é uma bactéria gram negativa que causa problemas respiratórios. A doença causada por ela afeta o desempenho das galinhas e causa uma queda na produção de ovos, além de altas taxas de mortalidade. O sinal mais característico da ornitobacteriose é o desenvolvimento de aerossaculite e pneumonia unilateral. 

Nos últimos anos, a ornitobacteriose ganhou importância principalmente por ter sido diagnosticada erroneamente no passado, pois seu quadro clínico é semelhante ao de outros patógenos. O tratamento com antibióticos é caro devido à alta resistência aos antibióticos, portanto, recomenda-se o uso de vacinas inativadas ou vivas, que se mostraram eficazes em estudos anteriores (6,8,9).

Metapneumovírus aviário

O grau de patogenicidade do metapneumovírus nos sistemas reprodutivo e respiratório, bem como sua taxa de mortalidade, dependem da ocorrência ou não de coinfecção do metapneumovírus com agentes bacterianos secundários. Embora os perus sejam os principais hospedeiros dos vírus, há certas cepas que infectam as galinhas com mais eficácia, causando prejuízos econômicos significativos. 

A doença causa sinusite, inflamação dos seios paranasais e secreções nasais e oculares. Seu método de prevenção é semelhante ao de outras doenças prevalentes, por meio da inoculação de vacinas vivas nos primeiros dias de vida, seguida de vacinas inativadas para aves de vida longa, como poedeiras e reprodutoras (6,10).

Bronquite infecciosa

Essa doença é causada por um coronavírus aviário que provoca surtos em galinhas. A bronquite infecciosa tem alta morbidade e mortalidade e é a causa da baixa produção de ovos e carne, relacionada à queda de ovos, distúrbios da casca do ovo, mortalidade embrionária, problemas respiratórios e algumas cepas de insuficiência renal.

As vacinas vivas atenuadas são o método mais difundido de prevenção em frangos de corte. Nas poedeiras e reprodutoras, o plano de vacinação envolve vacinas vivas e inativadas na cria e recria e, em alguns casos, a revacinação na produção com vacinas vivas.

As doenças respiratórias em aves comerciais, além de comprometer o bem-estar animal, afeta o desempenho dos animais, causando perdas econômicas globais irreparáveis.

Micoplasmose aviária

Essa doença respiratória crônica em galinhas resulta da infecção pela bactéria Mycoplasma gallisepticum. Causa tosse, espirros, coriza, trombose traqueal e conjuntivite. Menos comumente, as aves infectadas podem desenvolver ceratoconjuntivite, artrite, salpingite e encefalopatia. Como uma doença que pode ser transmitida verticalmente por ovos infectados, seu controle começa com a criação de aves em matrizes livres de micoplasma. Nos casos em que isso não é possível ou a segurança é frouxa, são usadas vacinas, inclusive vacinas vivas. 

Laringotraqueíte aviária

Causada pelo herpesvírus gallid 1, a laringotraqueíte aviária é uma doença altamente contagiosa e crônica das galinhas que tem causado perdas econômicas significativas em todo o mundo. O quadro clínico inclui corrimento nasal, conjuntivite, redução da produção de oócitos, chiado, muco sanguinolento e dispneia acentuada que pode levar à asfixia, com taxas de mortalidade que variam de 5 % a 70 %. As vacinas vivas, atenuadas e recombinantes são o principal método de prevenção recomendado (14).

É essencial estar ciente das principais doenças respiratórias que afetam as aves. Resumimos as principais doenças aqui, mas você pode encontrar mais informações sobre essas e outras doenças clicando aqui.

Referências:

1. Nurzijah I, Elbohy OA, Kanyuka K, Daly JM, Dunham S. Development of Plant-Based Vaccines for Prevention of Avian Influenza and Newcastle Disease in Poultry. Vaccines. 2022;10(3):478. 

2. Hein R, Koopman R, García M, Armour N, Dunn JR, Barbosa T, et al. Review of Poultry Recombinant Vector Vaccines. Avian Dis. 2021;65(3):438–52. 

3. Stewart-Brown B. Vaccination Programs in Poultry. Merck Veterinary Manual. 2022. Available from: https://www.merckvetmanual.com/poultry/nutrition-and-management-poultry/vaccination-programs-in-poultry

4. Shi J, Zeng X, Cui P, Yan C, Chen H. Alarming situation of emerging H5 and H7 avian influenza and effective control strategies. Emerg Microbes Infect. 2023;12(1):2155072. 

5. Adlhoch C, Fusaro A, Gonzales JL, Kuiken T, Marangon S, Mirinaviciute G, et al. Avian influenza overview December 2022 – March 2023. EFSA J. 2023;21(3):e07917. 

6. Lupini C, Legnardi M, Graziosi G, Cecchinato M, Listorti V, Terregino C, et al. Vaccine Interaction and Protection against Virulent Avian Metapneumovirus (aMPV) Challenge after Combined Administration of Newcastle Disease and aMPV Live Vaccines to Day-Old Turkeys. Vaccines. 2023;11(3):708. 

7. Organización Mundial de Sanidad Animal (OMSA). Enfermedad de Newcastle. 2023. Available from: https://www.woah.org/es/enfermedad/enfermedad-de-newcastle/

8. El-Ghany WAA. An updated comprehensive review on ornithobacteriosis: A worldwide emerging avian respiratory disease. Open Vet J. 2021;11(4):555–68. 

9. Ariyama N, Tapia R, Godoy C, Agüero B, Valdés V, Berrios F, et al. Avian orthoavulavirus 1 (Newcastle Disease virus) antibodies in five penguin species, Antarctic peninsula and Southern Patagonia. Transbound Emerg Dis. 2021;68(6):3096–102. 

10. Ball C, Manswr B, Herrmann A, Lemiere S, Ganapathy K. Avian metapneumovirus subtype B vaccination in commercial broiler chicks: heterologous protection and selected host transcription responses to subtype A or B challenge. Avian Pathol. 2022;51(2):181–96. 

11. Abbas G, Yu J, Li G. Novel and Alternative Therapeutic Strategies for Controlling Avian Viral Infectious Diseases: Focus on Infectious Bronchitis and Avian Influenza. Front Vet Sci. 2022;9. Available from: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fvets.2022.933274

12. Enfermedades Respiratorias en Aves de Corral ¿Cómo Combatirlas? 2020. Available from: https://www.myfarmdelivery.com/enfermedades-respiratorias-en-aves-de-corral/

13. Mahmmoud EN, Hamad MA, Khudhur ZN. Detection of Mycoplasma gallisepticum in broiler chickens by PCR. Open Vet J. 2022;12(3):329–34. 14. Wu M, Zhang Z, Su X, Lu H, Li X, Yuan C, et al. Biological Characteristics of Infectious Laryngotracheitis Viruses Isolated in China. Viruses. 2022;14(6):1200.